O recorte analítico deste trabalho é a teoria da narração de Walter Benjamin. O
objetivo é apresentá-la, buscando extrair desta a teoria da modernidade do autor.
Constitui-se de uma pesquisa bibliográfica, cujo percurso teórico tem início na
análise de dois ensaios de Walter Benjamin intitulados Experiência e pobreza (1934)
e O narrador (1936) com base nos quais são consideradas outras produções do
autor. A investigação nos indica que este filósofo alemão, em sua teoria da narração,
estabelece uma concepção histórica das formas de narração – a narrativa
tradicional, o romance e a informação – cuja evolução está estreitamente vinculada
ao desenvolvimento das forças produtivas e às suas respectivas formas de
organização do trabalho e relações sociais. Desta forma, a informação está para o
alto capitalismo como o romance esteve para o capitalismo liberal, principalmente
durante a primeira metade do século XIX, e a narrativa esteve para as sociedades
camponesas pré-capitalistas. Benjamin parte da constatação de que, especialmente
na situação histórico-social das primeiras décadas do século XX, a arte de narrar
está em vias de extinção e que são cada vez mais raras as pessoas que sabem
narrar devidamente. O filósofo associa essa crise da narração à dissolução histórica
da experiência (Erfahrung) que se constitui do conteúdo material da narrativa
tradicional, considerada como a verdadeira narração. Esse é seu argumento basilar
para a compreensão da modernidade. A pesquisa nos indica que nessa discussão é
inerente uma teoria social do capitalismo mais desenvolvido, ou seja, uma teoria da
sociedade moderna como parte e base da teoria da narração em Benjamin. Podemos
concluir que, fundamentalmente, para Benjamin, a sociedade moderna significa o
surgimento tanto de novas condições materiais de produção quanto de percepção
social da existência, que trazem consigo o definhamento inseparável da experiência,
da tradição, da arte de narrar.
Palavras-chave: Benjamin. Narração. Experiência. Modernidade.