Sobreviventes de câncer de mama devem priorizar a boa alimentação e a
manutenção do peso saudável, a fim de evitar recidiva da doença. O estudo
objetivou avaliar a compreensão e aplicação das orientações sobre tipo de
processamento dos alimentos contidas no Guia Alimentar para a População
Brasileira (GAPB) por sobreviventes de câncer de mama. Foi realizado um estudo
transversal com 201 mulheres. O estado nutricional foi determinado através da
antropometria, incluindo os marcadores índice de massa corporal, circunferência
da cintura (CC) e relação cintura/quadril (RCQ). Foi avaliado o entendimento dos
conceitos sobre processamento alimentar expressos no GAPB e a adesão auto
relatada à dieta recomendada quanto ao tipo de processamento alimentar segundo
o GAPB, através de uma escala tipo Likert, variando de discordo totalmente a
concordo totalmente. A dieta consumida foi determinada através de um
questionário de frequência alimentar validado para a população brasileira,
estratificando-se a ingestão em 4 grupos: alimentos in natura/minimamente
processados (grupo 1), ingredientes culinários processados (grupo 2), alimentos
processados (grupo 3) e alimentos ultraprocessados (grupo 4). Calculou-se a
proporção de contribuição diária de cada grupo em relação às calorias e
macronutrientes. A análise estatística foi realizada pelos testes Qui-quadrado e
correlação de Spearman, com p < 0,05 como nível de significância. As pacientes
apresentaram média de idade de 50 (± 11 anos), com predomínio de baixa
escolaridade e baixos salários. A prevalência de entendimento satisfatório foi baixa
entre as entrevistadas, inferior a 15,0%, estando um pouco melhor apenas em
relação à definição de alimentos in natura (20,9%). Houve 50,3% das entrevistadas
que relataram utilizar poucos alimentos do grupo 1 e houve proporção de relatos
variando de 11,44% a 20,89% de consumo de alimentos processados e
ultraprocessados. Na quantificação da ingestão dietética, embora as pacientes
tenham apresentado maior consumo de alimentos do grupo 1, 1/3 da contribuição
calórica e de macronutrientes foram de alimentos dos grupos 3 e 4. Houve acúmulo
de gordura abdominal entre as pacientes, tanto considerando CC (79,6%), como
RCQ (64,18%). A proporção de excesso de peso foi elevada, sendo maior em
mulheres menores de 60 anos (p = 0,003). Não houve associação entre consumo
alimentar, estado nutricional e faixa etária. As mulheres entrevistadas não 6
entendem os conceitos relacionados ao tipo de processamento alimentar da forma
como expressos no GAPB, mas a maioria tem adesão auto-relatada a uma dieta
pobre em alimentos processados e ultraprocessados, consumindo uma
alimentação com maior proporção calórica e de macronutrientes representada por
alimentos in natura/minimamente processados. No entanto, há necessidade de
melhorar o entendimento destes conceitos e estimular a ingestão de uma
alimentação mais rica no grupo 1.
Palavras-chave: Neoplasias da mama. Sobreviventes de câncer. Dieta Saudável.
Guias Alimentares. Compreensão. Cooperação e Adesão ao tratamento.