APOIO MATRICIAL ENQUANTO DISPOSITIVO DE CUIDADO E PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES EM SAÚDE MENTAL
Autor(es):
CAVALCANTE, AFONSO RICARDO DE LIMA
Palavras Chaves:
Não informado
Ano de Publicação:
2019
Resumo:
O objeto central desse estudo inter-relacionou-se ao apoio matricial enquanto tecnologia do cuidado em saúde mental e seus direcionamentos no campo da prática, propondo essencialmente a democratização das relações, a longitudinalidade do cuidado, e a integração entre trabalhadores, serviços de saúde, usuários e territórios. Objetiva limitar a fragmentação da atenção, desviando o foco da doença (lógica instrumental) para outras demandas e necessidades do usuário, contribuindo para a consolidação de um trabalho sinérgico em que pense relações baseadas no diálogo paritário. A justificativa desta pesquisa se situou em reconhecer que muitos estudos têm sinalizado para inúmeras lacunas na implantação e implementação do apoio matricial como dispositivo de cuidado em saúde mental. Reconhecendo a heterogeneidade pulverizada no cenário assistencial as contribuições deste estudo residiram em abrir para perspectivas de reflexão e ação, trazendo os desafios teóricos e práticos, aproximando modelos assistenciais e de gestão, além de um efetivo envolvimento de profissionais, usuários, comunidade/território e academia, primando pela superação do biologismo dominante, compartimentalização do cuidado, o funcionalismo e a naturalização da vida. Foram formuladas como sentenças problematizadoras deste estudo as seguintes questões: Quais os desafios para implementação do apoio matricial enquanto dispositivo de cuidado e práticas interdisciplinares em saúde mental no município de Fortaleza/CE? Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, que permite basear-se em experiências situacional e humanística, oferecendo possibilidades interpretativas de um fenômeno, considerando as experiências como revelações sutis. A amostra foi composta por 52 participantes, dentre as quais 14 enfermeiros (sendo quatro deles especialistas em saúde mental, dentre eles dois estavam coordenadores das unidades assistenciais e cinco especialistas em saúde da família), 13 psicólogos (oito especialistas em saúde mental), sete médicos (dois psiquiatras e cinco especialistas em saúde da família), sete assistentes social (dois especialistas em saúde mental), quatro fisioterapeutas, três terapeutas ocupacional, dois nutricionistas, um odontólogo (especialista em saúde da família), e um educador físico. O tempo de atuação variou de um a 33 anos atuando no serviço público, dos 51 participantes 33 eram celetistas e 18 funcionários público. O tempo médio de trabalho com apoio matricial variou de seis meses a sete anos. Para
caracterizar cada participante do estudo, foi utilizada a primeira letra correspondente à categoria profissional: E: enfermeiro, P: psicólogo, M: médico, AS: assistente social, F: fisioterapeuta, TO: terapeuta ocupacional, N: nutricionista, O: odontólogo, além de identificar a regional a qual este profissional pertencia: I, II, III, IV, V e VI. Quando diante de mais de um profissional da mesma categoria em uma mesma unidade de saúde, foi utilizado sua categorização como sendo profissionais 1, 2, e assim por diante. Contudo, ecoa como limitações da pesquisa a resistência e disponibilidade dos profissionais em nos receber muitas vezes, onde apresentavam o discurso de estarem com as agendas superlotadas ou sem tempo. Esse posicionamento foi predominante nas equipes de Atenção Primária. Outros profissionais afirmavam não ter interesse, a exemplo de toda equipe do NASF da Regional IV. Foram muitas idas e vindas transitando os territórios na busca cotidiana de dados. O cenário desperta para a efetivação de estratégias de formação e capacitação permanente, sendo sensível à troca de informação e conhecimento, considerando as demandas que emergem do cotidiano, superando, em certa medida a lógica dos encaminhamentos desordenados. Conjectura, recriar espaços pedagógicos, que feneçam a comunicação, a relação multiprofissional e interdisciplinar, fortalecendo a consolidação de sujeitos cognoscentes, migrando de um conhecimento declarativo para um conhecimento funcional. Pressupõe romper com concepções e práticas cristalizadas que transgridam o caráter formador. De modo geral, busca-se superar a alienação do trabalho em saúde, em que pense práticas assistenciais reduzidas a modelos cartesianos, centrados nas demandas biológicas, impulsionados por modelos de gestão produtivistas. Essa prática tenciona e sedimenta o trabalho, além de silenciar as diferenças.
Palavras-chave: Integralidade em saúde. Apoio matricial. Saúde coletiva.
Abstract:
.The central object of this study was related to matrix support as a technology of mental health care and its directions in the field of practice, essentially proposing the democratization of relationships, the longitudinality of care, and the integration between workers, health services, users and territories. It aims to limit the fragmentation of care, diverting the focus of the disease (instrumental logic) to other demands and needs of the user, contributing to the consolidation of a synergistic work in which relationships based on peer dialogue are considered. The justification for this research was to recognize that many studies have signaled numerous gaps in the implantation and implementation of matrix support as a mental health care device. Recognizing the dispersed heterogeneity in the assistance scenario, the contributions of this study were to open up perspectives for reflection and action, bringing theoretical and practical challenges, bringing together assistance and management models, in addition to an effective involvement of professionals, users, community / territory and academia, striving to overcome dominant biologism, compartmentalization of care, functionalism and naturalization of life. The following questions were formulated as problematizing sentences in this study: What are the challenges for implementing matrix support as a care device and interdisciplinary mental health practices in the city of Fortaleza / CE? It is a study of qualitative approach, which allows to be based on situational and humanistic experiences, offering interpretative possibilities of a phenomenon, considering the experiences as subtle revelations. The sample consisted of 52 participants, including 14 nurses (four of whom are specialists in mental health, among whom two were coordinators of the care units and five specialists in family health), 13 psychologists (eight specialists in mental health), seven doctors (two psychiatrists and five family health specialists), seven social workers (two mental health specialists), four physical therapists, three occupational therapists, two nutritionists, a dentist (family health specialist), and a physical educator. The length of experience ranged from one to 33 years working in the public service, of the 51 participants 33 were hired workers and 18 public employees. Average working time with matrix support ranged from six months to seven years. To characterize each study participant, the first letter corresponding to the professional category was used: E: nurse, P: psychologist, M: doctor, AS: social worker, F: physical therapist, TO: occupational therapist, N: nutritionist, O: dentist , in
addition to identifying the regional to which this professional belonged: I, II, III, IV, V and VI. When faced with more than one professional in the same category in the same health unit, their categorization was used as professionals 1, 2, and so on. However, the limitations of the research echo the resistance and availability of the professionals to receive us many times, where they presented the discourse of having overcrowded schedules or running out of time. This position was predominant in the Primary Care teams. Other professionals claimed to be uninterested, like the entire NASF team in Regional IV. There were many comings and goings transiting the territories in the daily search for data. The scenario awakens to the realization of training and permanent training strategies, being sensitive to the exchange of information and knowledge, considering the demands that emerge from daily life, surpassing, to some extent, the logic of disorderly referrals. Conjecture, recreating pedagogical spaces, which reinforce communication, the multidisciplinary and interdisciplinary relationship, strengthening the consolidation of cognitive subjects, migrating from declarative knowledge to functional knowledge. It presupposes breaking with crystallized conceptions and practices that transgress the formative character. In general, it seeks to overcome the alienation of health work, in which care practices are reduced to Cartesian models, centered on biological demands, driven by productivist management models. This practice intends and sediments the work, besides silencing the differences
Keywords: Comprehensiveness in health. Matrix support. Collective health.
Tipo do Trabalho:
Dissertação
Referência:
CAVALCANTE, AFONSO RICARDO DE LIMA. APOIO MATRICIAL ENQUANTO DISPOSITIVO DE CUIDADO E PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES EM SAÚDE MENTAL
. 2019. 134 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico ou Profissional em 2019) - Universidade Estadual do Ceará, , 2019. Disponível em: Acesso em: 18 de maio de 2024
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