Em “Corpo político e jogo de linguagem de mulheres ciclistas”, busca-se cartografar
produções de linguagem de mulheres ciclistas como forma de vida, constituinte e
constitutiva de ações que corporificam subjetividades políticas, que reivindicam
visibilidade, liberdade. Desse modo, entendendo a linguagem como ação, indaga-se
de que maneira as experiências socioculturais, nas vias urbanas, em uma bicicleta,
acrescentam significados a uma identidade de gênero sempre em curso. A partir da
cartografia, pretendendo produzir rizoma, interessa produzir uma narrativa sobre
criação e movimento político nas ciclovias como agenciamento coletivo de enunciação
que engendra uma luta feminista marcada por simbioses como corpo-máquina-espaço
(mulher-bicicleta-cidade). Assim, sob uma perspectiva da Pragmática Cultural: 1.
Discute-se como a experiência de resistir a formas econômicas capitais, construção
de cidades educadoras e educandas, relações opressoras produzidas pelo capital e
patriarcado amolam e reprimem não apenas a liberdade pessoal dos corpos de
mulheres, mas seu livre acesso às vias urbanas; 2. Produz-se um diálogo a partir de
palavras-mundo que se destacam como repetição, estilizações discursivo-corpóreas
que apresentam multiplicidades da relação mulheres-bicicletas-cidades em alegorias,
ritualizando, performando diferenças de gênero, modal e espaço, performando uma
gramática de uso e constituindo formas de vida distintas (mulher-homem, bicicleta-
carro, cidade como espaço livre-proibição); 3. Percebe-se a partir dos jogos de
linguagem de algumas mulheres ciclistas associações de resistência a outros jogos
de linguagem que minimizam formas de vida associadas ao modal bicicleta e seu uso
por mulheres. Os jogos de linguagem aqui estudados como ensaio narrativo
constituem subjetividades, devir corpo-político-mulher-ciclista, devir que atua corpo-
voz e simbioses, por múltiplas rotas de fuga, pelos desejos de felicidade, o desejo de
ocupar geografia das cidades de forma simétrica. As subjetividades são produzidas e
produtoras, na interrelação cotidiana, no fluxo dos desejos e sensações, nas formas
de existir, a partir de agenciamentos constitutivos de linguagem, ação, efeito, relação.
Palavras-chave: Jogos de linguagem. Subjetividades. Mulheres ciclistas.