Este trabalho tem como objetivo geral estudar como se deu a inserção das mulheres no
poder legislativo cearense nas últimas 12 legislaturas, período que compreende as
eleições de 1975 a 2018. E como objetivos específicos: compreender a conquista da
cidadania feminina no Brasil; apreender quais os caminhos percorridos pela história do
movimento sufragista; analisar como se apresenta o perfil das deputadas cearenses.
Realizamos pesquisa teórica e documental que nos possibilitou ter acesso a dados
históricos e percentuais, através dos quais pudemos compreender que: a conquista do
voto no Brasil sofreu influência do movimento de mulheres da Europa e dos Estados
Unidos da Américas, todavia o sufrágio feminino no Brasil e, particularmente no Ceará,
possui suas particularidades. No Brasil, a luta pela inserção na política se deu
principalmente por mulheres brancas da elite, mulheres jornalistas, médicas, advogadas,
biólogas, professoras, as quais enfrentaram, com estratégias de luta e resistência, uma
elite política composta por homens que às desqualificavam, considerando-as como
incapazes de exercer direitos políticos, pois seu lugar era no âmbito familiar. No Ceará,
a primeira mulher eleita para Assembleia Legislativa do Estado somente ocorreu em
1975; no período de 1975 a 2018, foi um total de doze legislaturas de mulheres, as quais
são mulheres brancas, pertencentes às classes dominantes, que tiveram como principais
vias de acesso à Assembleia Legislativa: o capital político do avô, pai, irmãos, tios; o
primeiro damismo (mulheres com capital político herdado do marido); movimento
estudantil e movimentos sociais. Independente das vias de acesso, podemos
compreender a importância dessas mulheres na política, as quais traçaram suas próprias
trajetórias políticas. Todavia, ressaltamos que a predominância desse perfil de mulheres
da elite e com capital político familiar e financeiro, acaba por não permitir o acesso de
mulheres pobres, negras, indígenas, LGBTQ+, dentre outras multiplicidade de sujeitos.
Palavras-chave: Mulheres na política. Sufrágio feminino. Ceará. Assembleia
Legislativa.
