A estética do choque (Chockerlebnis) em Walter Benjamin mantém uma
interação com a modernidade, no âmbito da realidade, da divisão do trabalho e
do processo produtivo (Herstellungsverfahren) estendida ao cotidiano da
sociedade. A análise dessa interferência da estética sobre as novas relações
constitui o corpus filosófico da dissertação, que intenta situar os termos da
discussão controversa sobre o declínio da aura com base no processo de
desencantamento do mundo (Entzauberung der Welt) e da politização da arte.
A análise utiliza-se dos conceitos de autor produtor e refuncionalização da arte
(Umfunktionierung). Reflete sobre a forma de percepção que predomina na
modernidade e na recepção cinematográfica: coletiva, super-estimulada,
distraída, uma percepção do choque. Aborda o conceito de choque
(Chockerlebnis) pondo-o em situação constelacional com outros conceitos
como o de autômato ligado ao trabalho fabril, ao jogo, montagem
cinematográfica, recepção tátil, experiência (Erfahrung) e vivência (Erlebnis),
relacionando-os a uma nova forma de encarar a política e a ética. Avalia o
estado de auto-alienação que a humanidade atingiu, e discute a utilização
política e estética dos conceitos de faculdade mimética (Mimetisches
Vermögen), sonho (Träume) e despertar (Erwachen) ante este estado. A
experiência estética, por seu turno, representa o termo em que se explicita no
autor a modificação da experiência (Erfahrung) como tal na era moderna,
abrindo possibilidade para se pensar uma política adequada aos novos tempos.
Palavras-chave: Modernidade – Política – Estética – Choque – Cinema