Esta pesquisa longitudinal comparou o desenvolvimento das habilidades orais e
escritas de professores de inglês em formação nas modalidades presencial e a distância, ao
analisar a aprendizagem de inglês dos dois grupos a partir de da perspectiva da Teoria do
Processamento da Informação. A avaliação qualiquantitativa das habilidades orais e escritas
procurou verificar se futuros professores desenvolvem habilidades orais e escritas em níveis
equivalentes e evidenciar a modalidade de ensino mais eficaz no desenvolvimento de uma ou
outra habilidade no idioma. Alunos do primeiro semestre de dois cursos de Letras/Inglês da
Universidade Federal do Ceará participaram da pesquisa, sete alunos do curso noturno
presencial, com sede em Fortaleza, e cinco alunos do curso a distância, cujo polo de apoio
alunos situa-se na cidade de Beberibe. Durante quatro semestres, os participantes foram
submetidos a três instrumentos de coleta de dados: a) um questionário socioeconômico e
educacional, que revelou a realidade social e educacional, assim como o conhecimento prévio
de língua inglesa dos participantes; b) dois testes TOEFL iBT, realizados como pré-teste,
durante o primeiro semestre da graduação, e como pós-teste no final do quarto semestre, que
indicaram o nível de proficiência dos alunos no início da graduação e no final do quarto
semestre letivo; e c) atividades de produção oral e escrita, realizadas nos quatro semestres
letivos e analisadas considerando-se três parâmetros: fluência (palavras produzidas dividas pelo
tempo), acurácia (lexical, palavras erradas divididas pelas palavras produzidas, e oracional,
orações corretas divididas pelas orações independentes) e complexidade (lexical, quantidade de
palavras diferentes dividida pelo número de palavras utilizadas no texto, e oracional,
quantidade de orações individuais dividida pela quantidade de unidades de análise). Os dados
foram analisados através de modelos de ANOVA, considerando o efeito das variáveis grupo,
tempo e interação do grupo com o tempo. Concluiu-se que, em relação às habilidades de
compreenssão auditiva e leitora e de produção escrita, ambos os grupos demonstraram níveis
de desenvolvimento equivalentes no intervalo de quatro semestres. Contudo, na habilidade de
produção oral, o grupo presencial apresentou desenvolvimento superior ao grupo a distância.
Sobre os parâmetros de fluência, acurácia e complexidade, percebeu-se que, oralmente, o fator
Tempo influenciou todos os participantes nos parâmetros: fluência, acurácia oracional e
complexidade oracional. O fator Grupo influenciou os mesmos parâmetros, mas com diferença
significativa para o grupo presencial. O cruzamento dos fatores Grupo e Tempo não revelou
nível de significância que representasse destaque de uma modalidade sobre outra em oralidade
em nenhum parâmetro. Nas produções escritas, o fator Tempo apresentou desenvolvimento
significativo de todos os participantes em todos os parâmetros. O fator Grupo influenciou os
parâmetros: acurácia lexical e oracional, com diferença significativa para o grupo presencial. O
cruzamento dos fatores Grupo e Tempo não revelou nível de significância que demonstrasse a
prevalência de uma modalidade de ensino sobre a outra. Esses resultados desmistificam a
impossibilidade de aprender-se uma língua estrangeira a distância, pois retratam curvas de
desenvolvimento de aprendizagem tanto para o grupo presencial como para o grupo a distância.
Palavras-chave: ensino de idiomas a distância; habilidades orais e escritas; fluência, acurácia,
complexidade.