INTRODUÇÃO: A automedicação é compreendida como o uso de medicamentos,
frequentemente de venda livre, com objetivo de “tratar” sintomas leves. As
motivações para a automedicação em crianças estão muitas vezes relacionadas à
busca de alívio de sintomas como resfriado, febre e dor. OBJETIVO: determinar a
prevalência de automedicação em crianças de um a nove anos e fatores associados
a essa prática em Iguatu/CE no ano de 2013. METODOLOGIA: Trata-se de um
estudo transversal, realizado em 14 áreas de abrangência da Estratégia Saúde da
Família, localizadas na zona urbana do município de Iguatu/CE. A amostra foi
constituída por 366 mães ou responsáveis pela criança que responderam a um
formulário durante a visita domiciliar conduzida pelos pesquisadores de campo. A
análise de regressão logística múltipla foi realizada com o intuito de identificar
fatores associados à variável desfecho automedicação nos últimos 15 dias.
RESULTADOS: Constatou-se que 66,2% das mães realizaram a automedicação em
seus filhos em algum momento e nos últimos 15 dias que antecederam a coleta
48,4% afirmaram ter realizado tal prática, citando a febre como principal motivo
(47,4%). Entre o grupo de medicamentos utilizados para automedicação em seus
filhos, os analgésicos e antitérmicos estão entre os mais consumidos (57,6%), com
indicação própria (65,5%). A maioria possui farmácia domiciliar (89,3%), ressaltando
que os analgésicos e os antitérmicos (92,7%) não podem faltar no estoque. Quando
surgem problemas de saúde na família, 77,4% procuram o médico. Na análise de
regressão logística multivariada, as variáveis que permaneceram associadas ao
desfecho foram: uso anterior de medicamento sem receita médica (OR=3,68;
IC95%= 2,15-6,27), hábito da mãe de medicar a criança com freqüência (OR=2,15;
IC95%=1,26-3,68), ter levado a criança para consulta médica nos últimos 3 meses
(OR=2,14; IC95%=1,32-3,46) e possuir farmácia domiciliar OR=2,51; IC95%=1,05-
6,02). CONSIDERAÇÕES FINAIS: a prevalência de automedicação em crianças no
município de Iguatu é elevada, e nesse sentido, propõem-se como estratégias para
minimizar o problema: ampliar a equipe da Estratégia Saúde da Família no
município, com a inclusão do profissional farmacêutico para controlar e dispensar a
medicação de forma racional; implementação de políticas públicas relacionadas ao
uso racional de medicamentos; ampliar o acesso ao profissional prescritor com
acesso a rede de atenção a saúde; fortalecer a Educação em Saúde voltada para o
tema em questão, adotando novas metodologias com o intuito de estimular a
participação da comunidade
DESCRITORES: Automedicação; Crianças; Uso de Medicamentos - crianças.