Os casos de diabetes mellitus tipo 1 (DM1) vêm se elevando no decorrer das últimas
décadas, principalmente em pessoas de menor faixa etária, crianças e adolescentes. O
cuidado para com essa clientela envolve um conjunto de intervenções que favoreça o
controle da doença, o crescimento e o desenvolvimento infantil, os quais devem ter a
participação da família. A compreensão da sua condição de saúde e o investimento em
ações educativas com a criança e a família podem amenizar o sofrimento. Nesta
perspectiva, os objetivos foram: compreender a experiência de cuidado prestado à
criança com DM1 pela família, com base na cultura; descrever as situações vivenciadas
pela criança e sua família no adoecimento e controle do diabetes; desenvolver práticas
educativas junto à criança com DM1 mediadas pelo cuidado cultural e refletir acerca das
práticas educativas a partir da perspectiva da criança. Estudo na abordagem qualitativa
com fundamentos teóricos na Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado
Cultural de Leininger – a etnoenfermagem, a fim de compreender a estrutura
sociocultural dos informantes-chave, em ambiente ambulatorial, no Centro Integrado de
Diabetes e Hipertensão (CIDH), domiciliar e em outros espaços sociais das famílias, no
período de maio de 2013 a novembro de 2014. Participaram 26 crianças com DM1 em
idade escolar e suas famílias. A teoria utiliza o modelo observação-participação-reflexão
(O-P-R) como guia para a coleta, análise e interpretação das informações. O projeto foi
aprovado pelo comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (UECE)
com parecer nº181.489. Na apreensão dos achados, utilizou-se a observaçãoparticipante
e a entrevista semiestruturada. Os resultados mostraram o contexto
sociofamiliar e algumas manifestações clínicas da criança. As temáticas constituídas
foram: Crenças e emoções de crianças e familiares na descoberta do diabetes mellitus
tipo 1; Contexto biossociocultural e o cuidado da criança com diabetes mellitus tipo 1;
Rede social, apoio social e estratégias educativas com utilização do brinquedo
terapêutico no enfrentamento da vida dorida. Depreende-se que a realidade vivida por
essas famílias é desafiadora desde o momento em que a criança apresenta as
primeiras manifestações do DM1, quando tentam acessar os serviços de saúde, muitas
vezes, sem respostas. Para a criança, seu modo de ser com DM1 retrata a vida dorida
e dependente de tecnologia, com marcas físicas e psicológicas, ao mesmo tempo em
que revela a leveza da infância na interação com seu grupo de pertença, com
possibilidade de ser criança mantendo uma vida saudável. No enfrentamento da vida
dorida, criança-família encontram apoio e forças em seus sustentadores: família, escola,
amigos, religião, equipe de saúde e grupos formados em mídias sociais. Ante as
demandas biossocioculturais apresentadas pelos informantes-chave, aplicou-se o
cuidado culturalmente congruente mediado pelo uso do brinquedo no compartilhamento
de saberes e no despertar para o cuidado de si. Compreende-se que o cuidado do
enfermeiro na perspectiva sociocultural e com o uso de atividades educativas aplicadas
às crianças com diabetes proporcionará um olhar diferenciado, estimulando a adoção
de medidas terapêuticas apropriadas que poderão melhorar a condição clínica, o
desenvolvimento e a qualidade de vida de crianças com DM1.
Palavras-chave: Criança. Diabetes mellitus Tipo 1. Enfermagem Transcultural.
Cuidados de Enfermagem. Brinquedos e Jogos.