A maternidade é um tema que tem encontrado, entre as escritoras contemporâneas afrobrasileiras,
um lugar de destaque. Associado a outros aspectos que envolvem as questões de
gênero e raça, é uma experiência presente em enredos e versos na produção dessas autoras.
Através da rica abordagem desse tema feito pelas autoras Conceição Evaristo e Ana Maria
Gonçalves, pode-se discutir muitos dos aspectos físicos e psicológicos que envolvem a
maternidade, como também outras questões específicas da experiência afrodescendente, como
por exemplo, a relação com o preconceito racial.
Os aspectos relacionados às discussões de gênero foram pensados aqui sob a perspectiva
dos estudos feministas, sobretudo a crítica literária feminista, observando também, dentro
dessa crítica, aquilo que dizem as feministas afro-brasileiras no que diz respeito às
especificidades dessa condição. Considerei como relevantes no estudo das questões de raça,
as discussões empreendidas pelos escritores envolvidos com a organização da coleção
chamada Cadernos Negros, bem como os pesquisadores da coleção de ensaios intitulada
Coleção Sankofa, que envolveu teóricos africanos e brasileiros. Na observação da literatura
afro-brasileira, considerei aqui, sobretudo, os estudos do prof. Eduardo Assis Duarte.
A literatura, embora produto da imaginação e linguagem, é testemunha do pensamento de
sua época. As escritoras afro-brasileiras contemporâneas têm contribuído, através dos seus
textos, para significativas mudanças de paradigmas relacionados às mulheres
afrodescendentes; é o que aqui pretendemos demonstrar.