Surfactantes não iônicos são sintetizados a partir de matérias-primas renováveis tais
como álcoois graxos e açúcares. Exibem segurança dermatológica, biodegradabilidade e
excelentes propriedades de superfície ativa, tal como uma boa molhabilidade, boa produção
de espuma e boa habilidade de limpeza.
O presente trabalho trata da síntese e caracterização de surfactantes alquil
poliglicosídicos cuja parte hidrofílica é constituída de oligossacarídeos derivados da
degradação da amilose e a parte hidrofóbica é constituída de lipídios fenólicos que constituem
o Líquido da Castanha do Caju (LCC). A reação de condensação entre as partes hidrofílica e
hidrofóbica foi realizada através da reação de Köenig-Knorr com algumas modificações.
A caracterização estrutural dos surfactantes foi acompanhada por ressonância
magnética nuclear (RMN) juntamente com a espectroscopia de absorção na região do
infravermelho (IV). As duas técnicas evidenciaram bandas características de anéis aromáticos,
anéis glicosídicos, olefinas e parafinas (alifáticos). Os picos cruzados do espectro NOESY
mostraram que a conformação preferida das unidades glicosídicas nos grupos cabeça é do tipo
4C1 com uma configuração anomérica a.
O comportamento térmico dos surfactantes bem como seu comportamento em solução
(auto-associação) é fortemente dependente de suas características estruturais (grupo cabeça e
cauda hidrofóbica).
Medidas de tensão superficial mostraram que os valores da Concentração Micelar
Crítica (CMC) para os surfactantes estudados são comparáveis aos valores citados na
literatura para surfactantes não iônicos
O estudo da isoterma de tensão superficial versus logaritmo natural da concentração
indicou que o comportamento de agregação dos alquilfenil glicosídeos é dependente de suas
características estruturais.
Os valores de área por molécula “A” indicam que os cardil glicosídeos provavelmente
formam agregados menores do que os cardanil e anacardil glicosídeos. Considerações teóricas
sobre os dados de parâmetros críticos de empacotamento (PCE) indicam que os principais
tipos de agregados são do tipo vesículas e bicamadas, indicando a possibilidade da formação
de nanotubos por auto-associação uma vez que estas estruturas são intermediárias e que
antecedem a formação de nanoestruturas em solução.