A Enfermagem trata-se de uma das atividades mais antigas, cuja gênese confundese
com o próprio surgimento da humanidade. Logo, tem sua imagem atrelada ao
cuidado, como o seu núcleo caracterizador. Embora o cuidado ocupe esse espaço, é
perceptível que há déficit sobre o seu significado e como pode ser ensinado. Assim,
tem-se como objetivo compreender a trajetória histórica da formação para o cuidado
no Estágio/Internato do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará –
UECE, evidenciando seus elementos de continuidade e ruptura, no período de 1979
a 2018, na perspectiva da supervisora-enfermeira e da preceptora-enfermeira. Em
relação ao percurso metodológico, construiu-se pesquisa qualitativa, de abordagem
histórica, que emerge da interface educação-saúde/enfermagem, cujo cenário é o
curso de Enfermagem da UECE, mais especificamente a inserção da aluna no
Estágio/Internato, desde 1979 (publicação do primeiro currículo) até 2018 (período
da coleta de dados). Para tanto, foram utilizadas duas fontes: as documentais e as
empíricas. No que concerne aos documentos, contou-se com os oficiais: legislações
e portarias de órgãos em âmbito nacional, e com os institucionais: projetos
pedagógicos e currículos do curso em questão. No que se refere às fontes
empíricas, participaram, por meio da entrevista semiestruturada, quatro sujeitos:
duas supervisoras-enfermeiras e dois preceptores-enfermeiros, que atuaram/atuam
no Estágio/Internato no curso de Enfermagem da UECE. Para a análise dos dados,
foram elaboradas categorias temáticas, as quais identificaram que, na trajetória
ueceana, foram elaborados cinco currículos: 1979.2, 1981.2, 1985.2, 1997.1 e o de
2005.1, ainda vigente. Além disso, contou-se com dois projetos pedagógicos (1997 e
2005) e um texto de justificativa/apresentação do currículo de 1985. Houve evolução
na formação da enfermeira, aprimorando o Estágio, presente nos currículos de 1979,
1981, 1985 e 1997, até chegar à atual proposta de Internato, em 2005, que prevê
maior inserção e articulação entre instituição de ensino (aluna e professora) e
serviço (enfermeira). Constata-se a diversidade de concepções sobre o cuidado de
Enfermagem, compreendendo-o desde manifestação profissional do cuidado
destinado ao ser humano, como um conjunto de procedimentos a ser executado
ambicionando a cura, até como o saber-fazer que guarda especificidades em
relação às demais profissões e que visa à cura, prevenção e promoção da saúde.
Também se percebem dificuldades de compreensão e distinção das três dimensões
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que integram o cuidado de Enfermagem: ontológica, epistemológica e metodológica.
Assim, há discordâncias entre o que dizem os documentos e os entrevistados.
Obviamente, não se espera que haja repetição do que está posto nos documentos
por parte dos entrevistados, entretanto preocupa a demonstração de déficit de
conhecimento acerca do currículo e do projeto pedagógico, o que repercute em
formas de ensinar, por vezes incipientes e frágeis, que refletem na formação da
enfermeira para o cuidado. Conclui-se, portanto, a necessidade de vislumbrar o
cuidado de Enfermagem, nas suas dimensões: ontológica, epistemológica e
metodológica, e valorizar os elementos históricos para uma análise ampliada da
formação para esse cuidado, a fim de que a trajetória do ensino de Enfermagem
possa continuar sendo escrita por todos que dela fazem, fizeram e farão parte.
Palavras-chave: Cuidado de Enfermagem. Enfermeira. Estágio. Internato.
Formação.