A hipertensão da gravidez é moléstia de natureza grave e com destaque negativo
para morbiletalidade materna e fetal, classificada em quatro categorias: 1- préeclâmpsia
(P.E) eclampsia (E); 2- hipertensão crônica de qualquer natureza (HAS);
3- hipertensão crônica com pré-eclâmpsia superajuntada (HAS+P.E) e hipertensão
gestacional (HG). Tratando-se de pré-eclâmpsia e eclâmpsia, o acesso para o
acompanhamento do pré-natal de risco em ambulatório especializado é de suma
importância para minimizar os riscos de agravamento e desfechos desfavoráveis.
Este trabalho buscou identificar o perfil sócio-demográfico dessas gestantes,
enumerar os elementos que (des)favorecem a prevenção dos agravos para a saúde
da mãe e seu concepto, caracterizar as múltiplas lógicas de acessos dessas
grávidas ao serviço especializado com ênfase nos fluxos do processo de atenção à
saúde e descrever sobre a ótica dessas gestantes a articulação entre os diversos
níveis de atendimento na rede de atenção (RA). Trata-se de um estudo de método
misto, com gestantes acometidas por quadros hipertensivos em acompanhamento
no ambulatório de alto risco de um hospital terciário de referência do Estado, tendo
como amostra 153 gestantes na fase quantitativa, que constavam no banco de
dados próprio do hospital e 16 gestantes na fase qualitativa. As técnicas de coleta
de dados se construíram de um formulário para a fase quantitativa e uma entrevista
semiestruturada para a fase qualitativa. Os dados quantitativos foram agrupados e
descritos, apresentados em gráficos e tabelas e fundamentados na literatura
pertinente. Na fase qualitativa foram extraídas categorias das falas, agrupadas por
aproximação e similitude, comentadas com base na literatura. Os resultados
evidenciaram que todas as mulheres sabiam ler e escrever, no entanto, a maioria
apresentava desinformação sobre as orientações gerais do parto e nascimento. Não
sabiam em que maternidade iriam parir, chegavam ao ambulatório especializado,
mas não eram atendidas de imediato para consulta, algumas esperavam até 60 dias
para obter vaga. Assim, percebe-se que não há garantia de manutenção de um
vínculo da gestante com o serviço e que a articulação entre a atenção básica e
atenção especializada é fragilizada, o que dificulta o acesso. É perceptível também
que o sistema de referência e contrarreferência não atende completamente à
demanda, que o acolhimento se volta apenas à marcação de consultas e retorno e
que os exames solicitados nem sempre são totalmente realizados. Além disso, a
ultrassonografia é feita em clínicas particulares, por não serem atendidas em tempo
oportuno no sistema (SUS) e há incompletude nos registros dos prontuários,
resultando em subnotificação. Conclui-se haver prejuízos na elucidação de fatos que
poderiam prevenir a morbiletalidade materna fetal e neonatal. Assim, há que se
envidar múltiplos esforços no sentido de contribuir para favorecer o acesso pleno as
gestantes na rede de atenção especializada.
Palavras-chave: Complicações na gravidez. Hipertensão arterial. Mortalidade
materna.