Os padrões de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre os oceanos
tropicais desempenham um papel significativo no controle da circulação atmosférica sobre o
Nordeste Brasileiro (NEB) no estado do clima atual. A ocorrência de eventos de El Niño
sobre o Pacífico Equatorial, juntamente com o Gradiente Inter-Hemisférico do Atlântico
(GIHA) positivo na bacia do Atlântico Intertropical (TSM anomalamente positiva ao norte e
anomalias negativas ao sul) são muitas vezes as principais causas de secas sobre a região,
enquanto a configuração oposta (ou seja, os eventos de La Niña e GIHA negativo)
geralmente induz precipitação acima da média. É razoável supor que tal dependência entre
a TSM, que controla o posicionamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e
as atividades convectivas, com a precipitação sobre o NEB também esteve presente durante
todo o Holoceno. Portanto, pode-se pensar na extrapolação de dados estatísticos atuais
entre as relações de TSM do Pacífico e Atlântico e a precipitação do NEB como um dos
meios para se estimar paleoprecipitações sobre a região, a partir de reconstruções de
paleotemperaturas nas bacias oceânicas. Neste trabalho, um modelo simples de regressão
linear múltipla foi construído com base na atual dependência da precipitação na TSMs sobre
locais onde dados de corais estão disponíveis para reconstruções da paleotemperatura
oceânica. O modelo foi usado para encontrar uma série de precipitação sobre o estado do
Ceará nos últimos 10.000 anos, o que demonstra mudanças significativas durante esse
período, incluindo um clima bem mais úmido durante a metade do Holoceno e um período
mais seco há cerca de 3 mil anos.
Palavras-Chave: Paleoprecipitação, Temperatura da Superfície do Mar, Nordeste Brasileiro,
Holoceno.