O uso/abuso de drogas gera no usuário sofrimento psíquico, e como consequência a família se
torna sofredora também, pois, ela permanece acompanhando todo o sofrimento de seu filho.
Sendo assim a família pode se tornar um fator de proteção ao usuário, que a vê como apoio.
Porém, por outro lado pode haver na família os fatores de risco que podem desencadear o
uso/abuso de drogas. Considerando a relevância do assunto para a sociedade contemporânea o
estudo objetivou compreender o significado das relações familiares para os usuários de álcool
e outras drogas atendidos nos Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPSi) do
estado do Ceará, conhecendo o relacionamento desses usuários de com suas famílias e
averiguando a relação entre consumo de drogas e o relacionamento familiar desses sujeitos.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem da Fenomenologia Social de Alfred
Schutz. A pesquisa foi realizada nos Centros de Atenção Psicossocial infanto-juvenil (CAPSi)
de Fortaleza e de Barbalha. Os sujeitos da pesquisa são dez adolescentes usuários de álcool e
outras drogas, considerando os critérios de inclusão e exclusão. A coleta de dados foi
realizada de fevereiro a outubro de 2013. Nos discursos dos adolescentes revelam-se o
significado dessas relações familiares por meio de suas atitudes naturais em meio ao seu
mundo da vida, ações e condutas sociais frente às experiências vividas, da situação
biograficamente determinada e do conhecimento a mão dos adolescentes. Emergem dos
discursos duas categorias concretas: a vivência do adolescente na família e o mundo da droga
e expectativas de futuro. Na primeira categoria percebemos que as famílias constituem-se de
duas formas, famílias nucleares, onde a conformação de pai, mãe e filhos é preservada e
família extensa, onde um dos membros da família nuclear não está presente, geralmente a
figura paterna. Foi revelado que as relações familiares dos adolescentes em geral são
conflituosas e apresentam-se diferentes quanto a relações paternas, maternas e fraternas. As
relações paternas em geral são conflituosas, as relações maternas em contraponto são
melhores, mais acolhedoras e de apoio. A família surge de forma ambivalente, ora ela
influência e promove ambiente propício para o uso de drogas, quando surge nas falas o uso de
drogas por familiares e ora é ela quem apoia o adolescente a sair do mundo das drogas. As
relações familiares modificam-se quando os adolescentes estão em algum tipo de tratamento.
Na segunda categoria conhecemos o mundo da vida desses adolescentes, no uso da droga eles
relatam suas sensações, seu cotidiano de uso de drogas e as influências que sofrem de
amizade e do ambiente. Eles expressam suas expectativas futuras, voltar a estudar, sair da
casa de recuperação, poder voltar ao seio da família. Considerando os resultados encontrados
podemos perceber que a família é fundamental no desvelar de relações face a face dos
adolescentes, bem como em seu processo terapêutico.
Palavras-chave: Saúde Mental. Adolescência. Enfermagem. Relações familiares. Transtorno
Relacionado ao Uso de Substâncias.