Nossa pesquisa, sob o título Educação de Jovens e Adultos: um estudo à luz da
psicologia histórico-cultural, teve como objeto analisar a Educação de Jovens e Adultos
sob a perspectiva da centralidade do trabalho na aprendizagem e no desenvolvimento
dos sujeitos. Para tanto, consideramos fundamental apreender a determinação da
categoria trabalho, seja enquanto práxis seja enquanto trabalho alienado, na constituição
do psiquismo e na aprendizagem do trabalhador, tendo em vista que o adulto possuidor
de cultura tem plenas capacidades de apreender e realizar abstrações que não estejam,
necessariamente, vinculadas à sua atividade prática. Entretanto, a atual conjuntura das
políticas educacionais voltadas para modalidade de ensino de adultos não orienta a
instrução formal para que esses alunos-trabalhadores possam desenvolver suas
potencialidades inteiramente. Portanto, a análise das políticas da EJA possibilitou o
entendimento de que a Educação de Adultos é um dos fenômenos que manifesta uma
formação limitada e restrita à esfera do cotidiano, para grande parte da população. Tal
fenômeno se constitui em uma sociedade fundamentada na propriedade privada dos
meios de produção. Nesse contexto, a EJA é amplamente incorporada à subordinação e
reprodução do capital, que aprofunda o esvaziamento do ensino escolar, enaltece o
pragmatismo dos conhecimentos disponibilizados nesta modalidade de ensino e torna
mais precária a formação escolar do trabalhador. Nosso estudo toma como referencial
teórico o legado da ontologia marxiano-lukácsiana e da Psicologia Histórico-Cultural
para compreensão do homem e sua relação com a totalidade social. Assim, a teoria
marxiano-lukácsiana nos permitiu compreender o trabalho enquanto categoria fundante
do ser social, pois é através do trabalho que o homem pode produzir sua existência. Por
meio da transformação da natureza pelo ato de trabalho, os homens puderam se
apropriar dos elementos da natureza e, assim, transformá-la para que pudessem atender
às suas necessidades. A educação, enquanto complexo fundado no trabalho, assume a
função mediadora entre o homem e sua intervenção na natureza, cuja intencionalidade
está em deixar para a posteridade os conhecimentos, os valores e as habilidades
desenvolvidos ao longo da história. Concluímos que o legado da Psicologia Histórico-
Cultural nos ajudou a entender a formação dos processos cognitivos para a educação de
adultos, na medida em que esclarece, a partir dos fundamentos do materialismo
histórico-dialético, que as propriedades e particularidades do psiquismo são
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determinadas pelas relações objetivas do homem com a realidade, relações estas que
têm como origem a atividade vital humana; o trabalho. Esta concepção permite a
explicação e exemplificação da essência social e histórica do psiquismo humano, assim
como ter o entendimento de como o atraso cultural e o analfabetismo implicam no
desenvolvimento de psiquismo elementar e, consequentemente, na
limitação/empobrecimento da aquisição de funções superiores.
Palavras-chave: Formação Humana. Trabalho. Capital. Psicologia Histórico-Cultural.
Educação de Jovens e Adultos.