Esta dissertação buscou evidenciar as múltiplas interpretações que as composições podem
ganhar, mostrando que a canção, enquanto manifestação artística, jamais pode ser
compreendida como algo fixo, imutável, e sim como construtora de aspectos de uma
sociedade. Nesse sentido, tornou-se fundamental compreender o compositor Luiz Assunção,
objeto principal desta pesquisa. Lula – como era chamado – ia de sambas de carnavais a
valsas, com uma verdadeira maestria na arte de poetizar amores, dissabores, cotidianos,
criando um paralelo entre o popular e o erudito. Dentro desse contexto, serão apresentadas
distintas faces do compositor, poeta, pianista, dentre outras artes. Luiz Assunção via na rua
sua maior fonte de inspiração. Suas linguagens musicais teciam laços entre ritmos e estilos,
fazendo com que não houvesse separações entre os mesmos. Nesse paralelo, a canção não
dispõe em si um único sentido, podendo ganhar múltiplas significações e ressignificações,
tanto por quem a compõe, como por quem a ouve. Costurando diferentes sentidos a canção
adquire multiplicidade de interpretações, colocando-se entre aceitação e rejeição. Dessa
maneira, o compositor, a partir da análise da recepção de suas composições, passa a reinventálas,
dando-lhes por vezes características lapidadas ou brutas. O que se percebe nas
composições de Luiz Assunção é que este se aprazia do popular, de narrar os acontecimentos
dos bares, bordéis, da praia, de observar aqueles que por hora estavam à margem da
sociedade, mas que faziam parte dela, que eram a essência da mesma. A partir desse
pressuposto, busca-se compreender como o compositor se colocava em meio às suas
composições, visto que ele possuía um gosto pelo popular, mas sem abandonar o erudito,
fazendo do seu piano um proporcionador de melodias e poesias. Nesses entrecruzamentos
subjetivos do compositor, identificam-se os múltiplos olhares que este tinha sobre a cidade, a
sociedade e seu cotidiano. Cabe ressaltar que analisar canções apenas por suas letras traz uma
série de desafios para o pesquisador, visto que o audível permite a identificação de emoções
no cantar que apenas as partituras não permitem.
Palavras-chave: Luiz Assunção. Multiplicidade. Canção. Subjetividades.
