FLORÊNCIO, Raquel Sampaio. Excesso ponderal em adultos jovens escolares: uma
análise a partir das vulnerabilidades individuais. 2014. 107f. Dissertação (Programa de Pósgraduação
em Saúde Coletiva/Mestrado Acadêmico em Saúde Coletiva) Universidade
Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde, 2014.
O excesso ponderal (EP) está relacionado a diversas doenças crônicas não infecciosas
(DCNI) e apresenta alta prevalência tanto no âmbito brasileiro como mundial. Sabe-se que
este agravo é multifatorial e merece ser discutido em todos os meios, sendo a escola um
importante campo de atuação dos profissionais de diversos setores para a promoção da
saúde. Dentre a população acometida por este agravo, os adultos, sobretudo os adultos
jovens, destacam-se por já apresentar frequência importante de casos. De modo a refletir
essa situação, tendo em vista que as ações baseadas em fatores de risco já não dão conta de
conter esse agravo, introduziu-se o conceito de vulnerabilidade como forma de ampliar a
discussão relacionada ao EP. Nesse contexto, o objetivo desta dissertação foi "Analisar o
excesso ponderal em adultos jovens escolares de Fortaleza-Ceará-Brasil a partir da dimensão
individual, sob a ótica da abordagem teórica da vulnerabilidade". Para se chegar a este
objetivo, optou-se por delinear um estudo analítico, quantitativo, realizado com 560 adultos
jovens escolares de 26 escolas estaduais de Fortaleza-Ceará-Brasil. Os dados foram
coletados por meio de três instrumentos: um questionário com perguntas gerais, o
questionário "Estilo de vida fantástico" e o International Physical Activity Questionnaires
(IPAQ). Tão logo coletados, os dados foram tabulados e analisados por meio do programa
estatístico International Business Machines Statistics Package Social Science version 20.0
(IBM SPSS 20.0). Foram calculadas as frequências simples e relativas das variáveis do
estudo e, posteriormente, realizou-se o teste do qui-quadrado para as variáveis categóricas,
considerando o nível de significância estatística de 5% (p<0,05). Para estimar a força de
associação de possíveis marcadores do EP, foi calculada a odds ratio (OR), com intervalo de
confiança de 95% e, em seguida, foi realizada a análise com modelo de regressão logística
hierarquizada. Com base nos aspectos individuais do modelo teórico da vulnerabilidade, as
variáveis foram divididas em 3 blocos: 1) sociodemográficas; 2) relações, situação psicoemocional
e conhecimento e; 3) clínico-comportamentais. Para inclusão no modelo inicial
de regressão, adotou-se o valor p<0,20 obtido na análise bivariada e, para a análise final,
adotou-se o p<0,05. O estudo seguiu todos os preceitos ético-legais dos estudos com seres
humanos, tendo sido aprovado pelo Comitê de ética da Universidade Estadual do Ceará sob
protocolo de nº 662.105/2014. Os resultados mostraram que a frequência de casos de
excesso ponderal em adultos jovens escolares foi alta, acometendo mais de um terço deles.
Na análise bivariada, estiveram associados ao EP os marcadores: 1) situação conjugal e
filhos; 2) autopercepção de saúde, autopercepção de excesso ponderal, satisfação corporal;
3) peso na infância, peso na adolescência, história familiar de excesso ponderal e uso de
fármacos obesogênicos. No modelo final da regressão, permaneceram os marcadores:
autopercepção de excesso ponderal, diagnóstico de excesso ponderal e exposição ao álcool.
Após teste de multicolinearidade, retirou-se o diagnóstico de excesso ponderal do modelo.
Desta forma, confirmou-se a hierarquização do efeito dos marcadores em bloco sobre o
excesso ponderal, onde a autopercepção do agravo favoreceu a exposição ao álcool e estes
dois contribuíram para explicar o agravo em questão. Conclui-se, sobremaneira, que a
exposição ao álcool explica o excesso ponderal quando o adulto jovem escolar percebe-se
em excesso de peso.
Descritores: Sobrepeso; Obesidade; Vulnerabilidade em Saúde; Adulto jovem.