O diabetes mellitus é considerado uma das doenças que mais afetam o homem
contemporâneo e acomete populações de todo o mundo, independente de nível de
desenvolvimento econômico e social. Requer educação permanente e estímulo ao
autocuidado para a prevenção de complicações agudas e redução dos riscos de
complicações em longo prazo. Para evitá-las ou postergá-las o paciente precisa
aprender a se autocuidar. Assim, optou-se pela Teoria do Autocuidado de Orem para
fundamentar este estudo. Diante dessa problemática, os objetivos deste trabalho
são: conhecer os saberes e práticas de autocuidado da pessoa com diabetes e pé
em risco para a prevenção desta complicação; descrever os saberes e as práticas
das pessoas com diabetes sobre prevenção, identificação e tratamento das
complicações nos membros inferiores; verificar as estratégias usadas pelos
pacientes para realizar a prática do autocuidado; identificar os fatores que interferem
na adesão do autocuidado e identificar o grau de risco de neuropatia diabética.
Estudo descritivo e exploratório caracterizado como Pesquisa Ação realizado em
uma Unidade de Atenção Primária à Saúde em Fortaleza-CE, entre março e agosto
de 2013. Da amostra fizeram parte 40 pacientes que foram acompanhados,
orientados e avaliados com consultas a cada três meses. Para coletar dados utilizouse
a entrevista semiestruturada e um formulário para avaliação clínica e exame físico
do pé. Os aspectos éticos e legais da pesquisa envolvendo seres humanos foram
respeitados em acordo com a Resolução 466/12 e o projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará, sob Parecer Nº
12.278. A coleta dos dados seguiu as seguintes etapas: na avaliação inicial foram
realizadas orientações para o autocuidado e exame físico dos pés; nas avaliações
subsequentes foram reforçadas as orientações sobre autocuidado e na avaliação
final foi feito novamente o exame físico dos pés e reforçado as orientações para o
autocuidado. Os dados foram expostos em tabelas e gráficos analisados por meio de
estatísticas descritivas e inferencial por meio do teste de McNemar com nível de
significância de p < 0,05. Na análise estatística, os resultados mostraram que na
amostra 25 (62,5%) eram do sexo feminino, apresentaram idades entre 32 e 90
anos; 20 (50,0%) residiam em Fortaleza/Região Metropolitana, 23 (57,5%) eram
casados, 21 (52,5%) eram alfabetizados, 15 (37,5%) tinham de 3 a 4 filhos, 27
(67,5%) tinham renda de até 3 salários mínimos, 11 (27,5%) eram
aposentados/pensionistas. Em relação ao DM, 24 (60,0%) possuíam a doença há
mais de sete anos, 22 (55,0%) faziam uso de hipoglicemiantes orais como
tratamento medicamentoso, 15 (37,5%) realizavam a monitorização da glicemia
mensalmente, 29 (72,5%) tinham pouco conhecimento da doença e complicações,
28 (70,0%) eram hipertensos, 36 (90%) eram sedentários e 30 (70,0%) obesos. Com
relação aos cuidados com os pés 25 (62,5%) não andavam descalços, 39 (97,5%)
não usavam calçados apertados, 13 (32,5%) hidratavam os pés, 12 (30,0%)
realizavam a lavagem dos pés e 12 (30,0%) examinavam os pés. Quanto aos riscos
os resultados apontaram 17 (42,5%) dos pacientes estavam em grau de risco 1, 10
(25,0%) em grau 2, 7 (17,5%) em grau 3 e 6 (15,0%) em grau 4. Na avaliação
dermatológica, realizada no momento inicial e final da pesquisa, foi encontrado
significância estatística no corte adequado das unhas (p=0,0016), ressecamento da
pele (p=0,0125), rachaduras (p= 0,0001), calosidades e úlceras (p=0,0005). Adotouse
Análise de Conteúdo de Bardin para analisar entrevistas com os pacientes.
Destas, emergiram duas classes temáticas, quatro categorias e sete subcategorias
sobre os cuidados com o pé diabético. Desses resultados, pôde-se concluir que
aplicabilidade da Teoria do Autocuidado de Orem no cuidado de pessoas com
diabetes com pé em risco promove um tratamento/cuidado de enfermagem de
qualidade, além de prevenir complicações e/ou amputações.
Palavras-chave: Enfermagem; Diabetes Mellitus; Pé diabético; Teoria de
enfermagem.