A uroguanilina é um peptídeo predominantemente sintetizado no intestino que modula
o balanço de sódio, potássio, cloreto e hidrogênio através de ações renais. Nos
túbulos renais, este peptídeo atua alterando o funcionamento dos transportadores de
prótons luminais. Dentre os transportadores luminais distais, a bomba de prótons
H+ATPase desempenha um papel importante na acidificação luminal. Em estudos com
recuperação de pH intracelular independente de sódio em células renais distais, a
secreção de H+ é reduzida na presença de uroguanilina. O presente trabalho teve
como objetivo estudar os efeitos e os mecanismos moleculares de sinalização
envolvidos na ação da uroguanilina sobre a atividade da H+ - ATPase em túbulos
distais. Para tanto, foram realizados estudos in vivo e/ou in vitro, nos seguintes grupos
experimentais: grupo controle, grupo uroguanilina 1uM (UGN), grupo hexametileno 10-
4 M (HMA) inibidor do permutador NHE, grupo concanomicina 10-7M (CONC) inibidor
da H+ATPase e grupo H89 10-4M inibidor da PKA. Nos estudos in vivo foi utilizada a
técnica de microperfusão estacionária, na qual é medida a secreção de H+ em túbulos
distais de rim de rato, utilizando um microelétrodo sensível a H+. Por meio deste
experimento, as seguintes variáveis foram analisadas: fluxo de bicarbonato J[HCO3
-]
em (nmol.cm-2.s´1), meia vida de acidificação (T1/2) em segundos, concentração luminal
de bicarbonato ([HCO3-) em mM e pH estacionário (pHe). Nos estudos in vitro, em
células MDCK C-11, foram realizados experimentos com Western blott para medir o
nível de expressão da H+-ATPase subunidade B na superfície celular, o nível de
expressão da H+ -ATPase total e o nível expressão da PKA total e pPKA (Thr 197).
Ainda, nos estudos com MDCK C-11, foi realizado um imunoensaio enzimático por
meio do ELISA para medir a atividade da PKG. Nesta série de experimentos, as
células foram tratadas agudamente com UGN por 15 minutos. Como resultado, em
túbulos distais de rato, no grupo com a presença dos inibidores HMA e CONC
(HMA+CONC) o JHCO3- foi inibido em relação ao grupo controle (0,32±0,013 x
0,86±0,12; P<0.05 ) e apresentou comportamento inibitório semelhante quando
adicionado UGN a este grupo (HMA+CONC+UGN): 0,32 ± 0,054. O JHCO3- foi inibido
significativamente na presença de UGN 1uM (0,51±0,07), a adição de H89 (H89+UGN)
não foi capaz de abolir o efeito da UGN em túbulos distais (0,36±0,04). Nos estudos in
vitro, ocorre uma tendência de diminuição da expressão da H+- ATPase subunidade B
na superfície celular promovida por UGN em relação ao controle (68% x 100%), fato
que não foi observado na quantificação total dessa proteína em relação ao controle
(98,38 % x 100%) A expressão proteica de PKA parece não ser alterada agudamente
por UGN em relação ao controle (101% % x 100%). Já a atividade da PKG aumentou
cerca de 20 a 30% entre 10 e 15 minutos do tratamento com UGN. A partir dos
resultados obtidos, conclui-se que UGN, agudamente, diminui o fluxo de secreção de
H+ para o lúmen tubular distal por inibição da H+ ATPAse, modulando a expressão na
superfície celular da sua subunidade B1, com participação da via da PKG.
Palavras-chave: Uroguanilina. Secreção de Hidrôgenio. H+-ATPase.
Microperfusão renal.