RESUMO
OLIVEIRA, Talita Ferreira. Adesão ao tratamento e letramento em saúde em
pacientes acometidos por doença cerebrovascular em terapia anticoagulante
oral. 2015. 96 f. Dissertação (Programa de Pós- Graduação em Saúde
Coletiva/Mestrado Acadêmico em Saúde Coletiva) Universidade Estadual do Ceará,
Centro de Ciências da Saúde, 2015.
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das mais importantes causas de morte, no
Brasil. A Trombose Venosa Cerebral (TVC) é uma doença cerebrovascular que acomete,
com mais frequência adultos jovens, levando ao tratamento com anticoagulantes orais
(ACO). Os pacientes em uso de determinados ACO são monitorados quanto aos valores de
Razão Normalizada Internacional (RNI), visando à manutenção da faixa terapêutica. Para a
eficácia da terapêutica, a adesão ao tratamento torna-se importante. Este estudo objetivou
analisar a relação entre a adesão ao tratamento, o letramento em saúde e os níveis de RNI
de pacientes em terapia anticoagulante oral por evento cerebrovascular (AVC/TVC).
Pesquisa realizada com 94 pacientes, em dois hospitais de referência do estado do Ceará,
no período de novembro de 2014 a junho de 2015. Para a coleta de dados foi utilizado um
instrumento composto por dados sociodemográficos, clínicos e de tratamento. Em seguida,
foi aplicado o Brief Test of Functional Health Literacy in Adults (B-TOFHLA) para avaliação
do letramento e o teste de Medida da Adesão aos Tratamentos (MAT). Foram calculadas as
frequências simples e relativas e, posteriormente, realizou-se o teste do qui-quadrado, Exato
de Fisher e Mann-Whitney, considerando o nível de significância de 5%. Para estimar a
força de associação das variáveis com a adesão, foi calculada a odds ratio (OR) e, em
seguida, foi realizada a análise com modelo de regressão logística. Observou-se que 62,8%
dos pacientes encontravam-se na faixa etária de 26 a 59 anos; 64,9% eram do sexo
feminino; 53,2% possuíam até oito anos de escolaridade; 67% eram inativos; e 68,1%
possuíam renda familiar de até dois salários mínimos. Pacientes com diagnóstico de TVC
eram significativamente mais jovens e tinham maior escolaridade do que pacientes com
AVC. A maioria dos pacientes possuía pelo menos um fator de risco presente e adquiria o
ACO em rede particular; mais da metade estava em uso da medicação há 3-6 meses;
realizava coleta laboratorial semanalmente ou quinzenalmente e 52,1% estavam fora da
faixa terapêutica anticoagulante. A maioria dos pacientes recebeu orientação sobre o uso
dos ACO e a interação com alimentos foi a orientação mais frequente. A grande maioria dos
pacientes não apresentou nenhuma complicação, relacionada ao uso dos ACO, como
também, referiu não ter interrompido o uso por conta própria. Mais da metade dos pacientes
fazia uso de mais de dois medicamentos, além do ACO e não percebeu mudanças no estilo
de vida. O letramento em saúde foi inadequado/ marginal em 66% dos pacientes; e 77% dos
pacientes eram aderentes ao tratamento. No modelo final de regressão logística, as
variáveis associadas ao desfecho foram: situação ocupacional, orientações recebidas sobre
uso do ACO e percepção de mudanças no estilo de vida. A adesão ao tratamento pode ser
considerada um problema de saúde pública, quando observa-se o número de indivíduos
com doenças crônicas que necessitam do uso de medicações a longo prazo e muitos
desses pacientes não conseguem gerir seu tratamento medicamentoso corretamente,
porém a pesquisa reforça que orientações fornecidas por profissionais são ferramentas para
o aumento da adesão.
PALAVRAS-CHAVE: Adesão à medicação; Letramento em Saúde; Anticoagulantes.