Compreender o espaço político construído a partir da articulação entre programas e projetos de política agrária e a organização cotidiana do trabalho e da participação política dos camponeses, constitui a preocupação central deste trabalho. Pela análise das formas de absorção ou reinterpretação, pelos camponeses, de políticas estatais de cuinho participacionista, destaca a dimensão “produtiva” e multifacetada do poder que é incompatível com a suposição de que tais políticas têm efeitos monolíticos de cooptação. Tomando como mediação teórica as concepções de cotidiano como lugar ambíguo onde se reproduzem ou se transformam as relações de produção; de Estado como condensação material de correlações de força; e de políticas agrárias como construções que se fazem na luta de classes, este trabalho enfoca: as redefinições dos Projetos especiais do Nordeste face as alterações nas relações entre Estado e sociedade civil (no início da década de oitenta) até se proporem como instâncias de “apoio” às organizações camponesas; a construção de uma identidade política de grupos e técnicas do Estado, ao reconhecerem-se numa “homologia de posições com o “novo” campesinato que emerge com a “modernização” da agricultura; e, finalmente o confronto de “experiências de produção associativa” levadas a efeito via planejamento agrícola do Estado do Ceará nesse início de década.

Este trabalho não possui resumo em língua estrangeira.