RESUMO
Os Arranjos produtivos e Inovativos Locais (APILs) têm se tornado úteis para a compreensão
da economia local e o desenvolvimento de regiões, envolvendo atores de diversos segmentos
para sua consolidação e manutenção, sendo as Câmaras Setoriais uma das vias de acesso à
implementação de uma política pública sistêmica de apoio e manutenção desse tipo de rede. A
partir da analítica foucaultiana, propôs-se uma coleta e uma análise pormenorizada sobre os
laços formados no setor de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) cearense e o que
representa as ações dos mesmos no sentido de construir coesão e perpetuar a cooperação
como nova forma de organização espacial e econômica desse setor. Prestes Motta e
Alcadipani (2004), à luz da descrição sobre governamentalidade de Michel Foucault, revelam
que essa analítica poderia ser de grande valia para a discussão das dinâmicas de governo de
organizações e dos instrumentos e mecanismos utilizados para fazer a condução de todos e de
cada indivíduo ao mesmo tempo, e que essa perspectiva pouco foi posta em prática dentro dos
estudos organizacionais. Nesse contexto, o objeto de estudo desta pesquisa ficou delineado
como: os mecanismos governamentais nas relações de cooperação entre instituições de um
arranjo produtivo e inovativo local. A pesquisa se orienta pela seguinte questão: Qual a
influência dos mecanismos governamentais sobre as relações de cooperação, no contexto de
um APIL? O objetivo geral da presente pesquisa é compreender a influência dos mecanismos
governamentais nas relações de cooperação no contexto de um APIL. Metodologicamente, a
pesquisa é orientada por uma abordagem qualitativa, que se dá através de uma coleta de dados
por entrevistas semiestruturadas, sendo a análise através da técnica da análise temática de
conteúdo. Os resultados indicam que variados mecanismos de disciplina e de segurança (aqui
chamados de mecanismos governamentais, numa perspectiva foucaultiana de análise) atuam
num contexto de tipologia de rede de uma Câmara Setorial e de um APILs orientando e
reorientando a concepção de um espaço colaborativo essencial para o desenvolvimento
socieconômico da região. Discute-se amplamente que esses mecanismos se dão de forma
espontânea, mesmo que idealizada, premeditada, e que geram um contínuo de outras ações
espontâneas de causa e efeito responsáveis por manter a organização voltada à cooperação
nesse tipo de rede.
Palavras-chave: Governamentalidade. Rede Interorganizacional. Cooperação. Arranjos
Produtivos e Inovativos Locais.
