RESUMO
Esta tese tem como objeto de estudo a formação e a evolução morfológica de barras
e ilhas fluviais no baixo curso do rio Jaguaribe, cuja análise baseou-se em três linhas
de investigação: 1) a evolução morfológica das feições em função das variações de
precipitação e vazão nos anos de 1958 (seco), 1984 (chuvoso), 2001 (seco), 2009
(chuvoso) e 2014 (seco); 2) a estimativa das áreas de erosão e sedimentação em
eventos de alta energia nas fases de pré-barramento (1984/1987) e pós-barramento
(2007/2009); 3) e o balanço morfossedimentar das ilhas fluviais do Pinto e do
Caldereiro a partir da aplicação da ferramenta Digital Shoreline Analysis System
(DSAS) em diferentes escalas temporais. Do ponto de vista metodológico, recorreuse
ao uso de fotografias aéreas, imagens de satélite, softwares de
geoprocessamento, dados de precipitação e vazão, dentre outros recursos. Os
dados de evolução morfológica indicaram que a dinâmica quantitativa e areal das
barras fluviais se deram em consonância com a dinâmica das precipitações e
vazões, de modo que, nos anos considerados secos (1958, 2001 e 2014), observouse
uma redução de ~25% e, nos anos chuvosos (1984 e 2009), houve um
incremento de ~30% na quantidade de barras fluviais. A correlação da precipitação e
da vazão com a quantidade total de barras fluviais, barras laterais, barras centrais e
barras longitudinais foi de 0,5, exceto para as barras em pontal (r= 0,2), cuja
formação está atrelada ainda a outros fatores geomorfológicos. Os dados de erosão
e sedimentação em barras e ilhas fluviais apontaram alterações expressivas entre as
fases de pré e pós-barramento do Castanhão, haja vista a redução de 15% na taxa
de erosão lateral e 60% na taxa de sedimentação lateral em barras e ilhas fluviais.
Por fim, os resultados do balanço morfossedimentar obtidos com a aplicação do
DSAS revelaram a predominância de processos erosivos na margem direita da ilha
do Pinto, cujas taxas pelos métodos LRR e LMS variaram entre -0,2 a < -0,3m/ano, e
processos acumulativos na margem esquerda (1 a > 3m/ano). Na margem esquerda
da ilha do Caldereiro, constatou-se a predominância de processos de acumulação
(0,1 a > 3m/ano), enquanto, na margem direita, houve a ocorrência de processos
erosivos e acumulativos conforme a presença (ou não) de cobertura vegetal sobre a
ilha. Em suma, os resultados indicaram que as transformações morfológicas em
barras e ilhas fluviais no baixo curso do rio Jaguaribe refletem as variações de vazão
e de precipitação, a interferência da barragem do Castanhão, bem como dos fatores
e variáveis hidrogeomorfológicos do canal.
Palavras-chave: Barras e ilhas fluviais. Morfologia. Erosão. Sedimentação. Rio
Jaguaribe.