RESUMO
A morte de recém-nascidos está intimamente relacionada às condições de atenção à
saúde materno-infantil. Os modelos explicativos para esse evento apresentam
deficiência na abordagem de condicionantes em nível proximal, principalmente
relacionados à atenção neonatal hospitalar. Portanto, o estudo buscou analisar
fatores associados à mortalidade neonatal com ênfase no componente da atenção
hospitalar, no Município de Fortaleza-CE, no período de 01/01/12 a 31/12/12. Estudo
do tipo caso-controle, no qual foram avaliados 70 casos e 210 controles internados
em duas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal de hospitais públicos terciários. Os
dados foram coletados a partir dos prontuários, declaração de nascido vivo, de óbito
e fichas de investigação de óbito hospitalar. O desfecho considerado foi óbito
neonatal hospitalar (sim ou não) e as variáveis independentes foram divididas em
cinco níveis hierárquicos. Os dados foram analisados descritivamente (frequências
absolutas, relativas e medidas paramétricas) e a análise inferencial envolveu:
associação entre o desfecho e as variáveis explicativas (qui-quadrado de Pearson
ou Exato de Fisher, ao nível de significância de 5%), medida da força de associação
entre desfecho e variáveis explanatórias (razão de chances) e análise de regressão
logística múltipla, com modelagem hierarquizada. A pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará e das instituições
hospitalares onde o estudo se realizou (números de protocolos: 662.075, 693.746 e
685.956). As associações significativas encontradas pela pesquisa nos diferentes
blocos de características preditoras evidenciam a complexa inter-relação entre os
fatores socioeconômicos (em menor proporção) e fatores de assistência à saúde na
gravidez, no parto, nascimento e assistência neonatal intra-hospitalar. O modelo final
de explicação para o óbito neonatal hospitalar foi composto pelas variáveis
significantes: indução do parto, Apgar no 5º minuto de vida menor que sete,
presença de malformação congênita e necessidade de uso de surfactante, como
fatores que aumentam significativamente as chances de ocorrência de morte
neonatal. Os resultados ressaltam a contribuição das condições de assistência à
gestação, ao parto e ao recém-nascido, reforçando a necessidade de uma
reorganização da rede de atenção à saúde materno-infantil.
Palavras-chave: Mortalidade neonatal. Fatores de risco. Assistência hospitalar.