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Repositório Institucional - UECE
Título:
SOCIABILIDADE NO ASSENTAMENTO RURAL DE SANTANA- Ce: TERRA E TRABALHO NA CONSTRUÇÃO DO SER SOCIAL

Autor(es):
ARAÚJO, LIANA BRITO DE CASTRO

Palavras Chaves:
Não informado

Ano de Publicação:
2006

Resumo:
RESUMO
O trabalho analisa a sociabilidade no Assentamento Rural de Santana e os processos de
aprendizagem objetivados pela prática social cotidiana dos trabalhadores rurais nos processos
de luta, de conquista e de permanência na terra entre 1987 a 2005. O Santana, fundado a partir
da política de reforma agrária do INCRA, está situado no Município de Monsenhor Tabosa no
Sertão do Ceará, Nordeste brasileiro. No Assentamento os trabalhadores rurais tecem uma
maneira peculiar de organização da produção e da vida cotidiana. A pergunta de partida a qual
este trabalho se propõe: o que é viver em um assentamento rural, que mantém a propriedade
coletiva da terra e uma produção organizada a partir do trabalho coletivo e individual? Quais
os seus desdobramentos para a formação dos assentados? O percurso teórico e metodológico
se fundamentou na ontologia do ser social a partir de Marx, Lukács e Mészáros. A pesquisa
de campo, objetivando um estudo de caso, realizou-se dentro de uma abordagem
antropológica marxiana priorizando a totalidade representada pela sociabilidade do
Assentamento. O Santana se estruturou basicamente sob dois momentos históricos. No
primeiro momento, a sociabilidade do Assentamento tinha como base duas mediações
centrais: propriedade coletiva da terra e produção cooperada que, para a implementação do
projeto coletivo, foram combinadas a relações de controle coletivo, necessárias à construção
do Assentamento. A sua sociabilidade estava demarcada por vínculos de solidariedade e
dependência entre os assentados, pois “tudo era decidido coletivamente”, como costumavam
afirmar. A prática social cotidiana dos assentados engendrava um rico aprendizado demarcado
pela produção associada, pelas reuniões e Assembléias permanentes, dentre outros. Porém
este projeto não teve sustentação, pois as condições de carências materiais, dificuldades de
ordem prática nas relações de produção coletiva e no estabelecimento de relações estáveis
com o mercado forma impedindo a sua continuidade. No segundo momento o Assentamento,
embora mantivesse a propriedade coletiva da terra, sofreu uma mudança nas relações de
produção coletiva para uma produção mista. A partir de então, estabeleceu-se uma
combinação de produção individual (de responsabilidade exclusiva do assentado) e de
produção coletiva (mantida pela Cooperativa de assentados), uma alternativa posta a partir das
demandas internas (de ampliação da capacidade de trabalho e de consumo), e externas (da
inserção na lógica de uma economia de mercado). Dos fatores externos que influenciaram a
mudança do projeto de Assentamento, destaca-se a política do Estado através do Programa
Nacional de Agricultura Familiar (PRONAF) e das relações de aproximação de alguns
assentados com a elite política da região. O trabalho, finalmente, afirma que o que é original
na sociabilidade de Santana são as mediações necessárias à manutenção do projeto de
Assentamento, que representam germes de relações sociais superiores, e que diferem em certa
medida da reprodução da sociabilidade burguesa. Embora tenha constatado os limites
históricos da sociabilidade em Santana seja um fato, esta prática social definitivamente trás
elementos que contribuem para o processo de transição para uma sociedade emancipada, para
além do capital.
Palavras-Chave: Sociabilidade; Terra e Trabalho; Assentamento Rural; Questão Agrária;
Ontologia do Ser Social; Trabalho e Educação; e Reforma Agrária.

Abstract:
ABSTRACT
This research analyses the sociability at the rural settlement of Santana (between 1987 and
2005) and the learning processes of the rural workers on the struggles of everyday life for
land, production and well-being. The Santana settlement was created by the agrarian reform
policy of INCRA, in Brazil. It is situated in the city of Monsenhor Tabosa in the hinterlands
(Sertão) of the State of Ceará, Northeast of Brazil. In the settlement, the rural workers build,
in a peculiar way, the organization of the production and of their everyday lives. The research
purpose is to investigate what it is to live in a rural settlement that keeps the common
propriety of land and an organized (both collective and individual) form of production.
Furthermore, it is important to investigate what the impact of such life for the formation of the
settlers is. The theoretical approach is based on the “ontology of the social being” by Marx,
Lukács and Mészáros. The field research had an anthropological Marxian approach,
considering the totality represented by the sociability of the settlement as a case study. It
could be observed that the rural settlement was strongly influenced by two historical
moments. First, the settlers organized themselves based on two central mediations: collective
property of the land and cooperative production, which led to the establishment of collective
control of the settlement. Its sociability was characterized by solidarity and inter-dependency
links of the settlers, because “all was decided collectively”. The social practice fostered a rich
learning process, influenced by the associative production, frequent meetings and assemblies,
amongst others. Nonetheless, material needs, practical difficulties of the collective
production, and market relations with the outer world prevented the original project to further
develop. In the second period, although the settlement maintained the collective property of
the land, it changed the production to a mixed system, a combination of individual (whose
responsibility was merely of the settler) and collective (organized by the Cooperative Union
of the settlers) production to respond to both internal (enhancement of work and consume
capacity) and external (insertion of the settlement in the market logic) demands. Besides, the
settlers counted on external support for the implementation of the new individual-production
system, such as governmental programs (PRONAF, for instance) and the approximation of
some workers to the local political elite. From the results, one can conclude that the
originality of the Santana sociability are the mediations required to maintain the original
project, which reflects seeds of superior social relations, different from those of the
bourgeoisie sociability. Although historical limits for the amplification of such sociability are
a fact, the experience of Santana definitely contributes for the transition process to an
emancipated society, beyond capital.
Key words: Sociability, land and work, rural settlement, land question, ontology of the social
being, work and education, land reform.

Tipo do Trabalho:
Tese

Referência:
ARAÚJO, LIANA BRITO DE CASTRO. SOCIABILIDADE NO ASSENTAMENTO RURAL DE SANTANA- Ce: TERRA E TRABALHO NA CONSTRUÇÃO DO SER SOCIAL. 2005. 280 f. Tese (Doutorado em 2005) - Universidade Estadual do Ceará, , 2005. Disponível em: Acesso em: 4 de maio de 2024

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