RESUMO
Este estudo aborda o cuidado clínico às adolescentes em situação de parturição e pósparto,
tendo como eixo norteador o princípio da integralidade. A adolescente precisa ser
assistida de forma singular pelos profissionais de saúde, pois essas jovens, com
frequência, experimentam maior sensação de insegurança perante o momento obstétrico
e o próprio futuro. A pesquisa objetivou analisar o cuidado clínico dispensado à mãe nas
condições de maternidade na adolescência, destacando as ações de enfermagem na
perspectiva da integralidade e compreender os caminhos percorridos pelas mães
adolescentes no processo de parturição e pós-parto e sua interface com o cuidado.
Estudo de abordagem qualitativa desenvolvido no Setor de Obstetrícia de um hospital
terciário da rede pública na cidade de Fortaleza. A pesquisa foi delineada em três
etapas: observação sistemática do cuidado nas unidades do referido setor, entrevista
com doze mães adolescentes internadas na obstetrícia e por fim elaboração de uma
oficina com seis profissionais para a feitura do fluxograma descritor relativo aos
caminhos percorridos pelas adolescentes no processo de parturição e sua interface com
o cuidado. Seguindo os passos da análise, foram construídas as seguintes categorias:
Acesso da mãe adolescente à unidade hospitalar; Acolhimento da mãe adolescente na
emergência obstétrica; Abordagem dos profissionais de saúde e do enfermeiro à
parturiente no centro obstétrico e Cuidado clínico à mãe adolescente na fase do pósparto.
Quanto à caracterização das mães adolescentes a idade variou entre 15 e 19 anos,
com uma média de 16,9 anos; a maior parte delas morava com os pais, considerava-se
solteira seguida de união consensual. Tinham um significativo atraso nos estudos, pois
nenhuma conseguiu concluir o ensino médio. As jovens conseguiram adentrar ao
serviço na primeira procura, e por vezes enfrentaram dificuldades como longo tempo de
espera e lotação. Na visão das mães adolescentes o acolhimento se deu de maneira
satisfatória e a formação do vínculo com os profissionais do serviço também foi
percebida de forma natural pelo convívio anterior e no período de parturição. Sobre as
relações interpessoais com os profissionais de Enfermagem notou-se que muitos
realizaram um cuidado afetivo e humanizado às jovens e seus bebês, aproximando-se e
interagindo de modo a perceber os sentimentos destas mães e as necessidades de
cuidado. Entende-se que o acolhimento e como consequência o vínculo se processa em
todas as etapas na produção do cuidado, pois quando a paciente se depara com os
profissionais e trabalhadores da saúde pode haver alguma situação em que se fortaleça o
estabelecimento de vínculo ou mesmo o contrário. Dentre os principais ruídos relatados
pelos profissionais se referem à forma como a gestante dá entrada na emergência
obstétrica e à dificuldade da alta hospitalar às mães adolescentes que ainda continuam
com o recém-nascido internado. As reflexões suscitaram nos profissionais pensamentos
que podem instigar a busca de melhorar o cuidado por meio de interações e articulações
dos profissionais e serviços, para que possam se aproximar da integralidade no cuidado
às adolescentes na fase de parturição. Este trabalho provocou momentos de reflexões
que sugerem a produção de serviços e ações profissionais mais criativos e integrados
com a causa da adolescente em parturição, de modo que sua socialização poderá ensejar
mudanças na micropolítica do trabalho, um esforço conjunto para buscarem solução
para os conflitos e rupturas no cuidado.
Descritores: Adolescência. Maternidade. Enfermagem. Profissionais de Saúde.
Cuidado.