RESUMO
O presente trabalho, intitulado A construção do Estado chavista: a influência
bolivariana, foi realizado com o objetivo de analisar o processo pelo qual as idéias
políticas produzidas no passado por Simón Bolívar foram recuperadas e
instrumentalizadas por Hugo Chávez sob novas circunstâncias históricas. Com o uso da
figura histórica de Simón Bolívar como justificativa para suas ações, o estilo de
governar de Hugo Chávez variou de tal maneira que foi possível identificar três
períodos distintos durante os 14 anos em que esteve à frente do Estado venezuelano. Em
cada um desses períodos, a forma como Chávez usava o Estado para se relacionar com a
sociedade ia mudando, até que finalmente construíu o que se denomina aqui de Estado
chavista. A hipótese norteadora desse trabalho sustenta que Chávez, utilizando-se de
Bolívar como justificativa, caminhou politicamente num crescente de disputa política
que culminou em um Estado forte, capitalista, de orientação social, com grande
concentração de poder na pessoa de Hugo Chávez, e com perseguição a adversários
políticos ou qualquer um que se opusesse ao projeto chavista de poder. Para responder a
essa hipótese, foi feita uma pesquisa qualitativa, sustentada também por muitos dados
oficiais sobre a situação da sociedade e da economia venezuelanas, além de uma ampla
pesquisa bibliográfica. A tese teve como base o 18 Brumário de Luís Bonaparte, de
Karl Marx, na compreensão do bonapartismo, que caracteriza o modo de agir chavista, e
a obra O Estado, O Poder, O Socialismo, de Nicos Poulantzas, que teoriza a respeito da
substituição do bloco no poder como resultado das lutas entre as frações de classe.
Dessa forma, com o estudo do pensamento político de Simón Bolívar e da formação
ideológica de Hugo Chávez, somados seus aos atos enquanto Presidente da República,
ficou patente que na Venezuela não houve revolução, pois permaneceram os traços
capitalistas da economia venezuelana, e não ocorreu a tomada do Estado pela classe
trabalhadora, tendo existido apenas a mudança do bloco no poder, com predominância
dos militares como classe hegemônica. Com o desaparecimento físico de Hugo Chávez,
iniciou-se a decadência do Estado chavista, com tendência ao desaparecimento em
virtude da ausência do carisma de Chávez, da sua habilidade de conciliar interesses
internos ao chavismo, e em razão da crise econômica que assola o país.
Palavras-chave: Estado; poder; Simón Bolívar; Estado chavista; Hugo Chávez; bloco no
poder; classe hegemônica; revolução; PDVSA.