RESUMO
A inflamação desempenha um papel central no desenvolvimento das doenças
vasculares e no processo de aterogênese, nesse sentido evidências recentes
sugerem que algumas patologias imunomediadas, como a Esclerose Múltipla (EM),
são associadas a um maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares
(DCV), o que leva a importantes implicações à nível de saúde pública. Além disso,
níveis aumentados de marcadores de estresse oxidativo e/ou baixos níveis de
enzimas antioxidantes têm sido observados nos portadores de EM. O objetivo deste
estudo foi analisar fatores de risco cardiovascular (RCV) e a atividade antioxidante
em portadores de EM. Participaram do estudo 57 portadores de EM acompanhados
em um Hospital de referência (Grupo EM - Caso) e 57 indivíduos sem EM (Grupo
Controle). Foram coletados dados sócio econômicos, clínicos, antropométricos,
consumo alimentar por meio do Recordatório de 24h (R24h), nível de atividade física
e coleta de 10 mL de sangue para dosagem de glicemia de jejum, perfil lipídico
(Colesterol total – CT; Lipoproteína de baixa densidade – LDL-c; Lipoproteína de alta
densidade – HDL-c e Triacilgliceróis – TAG) e enzimas antioxidantes (Glutationa
Peroxidase – GPx e Superóxido dismutase – SOD). O risco cardiovascular foi
estimado por meio do escore de risco de Framingham (ERF), Índices de Castelli 1
(IC 1) e 2 (IC 2) e Índice de Aterogênese do Plasma (IAP). Os resultados foram
analisados por meio do programa SPSS 20.0, sendo adotado o nível de significância
de p <0,05. De acordo com a média do IAP, IC-1 e IC-2, os indivíduos de ambos os
grupos tinham baixo risco para doença coronariana, entretanto, segundo o ERF
houve diferença significativa entre os grupos, com maior risco cardiovascular entre
os Casos (p= 0,001). Em ambos os grupos, a atividade da GPx esteve normal
(Grupo EM= 52,3 U/gHb e Grupo Controle= 52,1 U/gHb; p= 0,726), enquanto a
atividade da SOD apresentou-se elevada (Grupo EM= 2214,7 U/gHb e Grupo
Controle= 2188,2 U/gHb; p= 0,726), indicando possivelmente um leve grau de
estresse oxidativo. Os fatores de RCV apresentarem-se, em sua maioria, dentro dos
níveis de normalidade, entretanto observou-se de acordo com o ERF maior risco
cardiovascular entre os portadores de EM ao compará-los com controles sem a
doença.
Palavras-chave: Esclerose múltipla. Risco cardiovascular. Estresse oxidativo.