RESUMO
O objetivo dessa pesquisa é analisar as condições de trabalho na política de
assistência social, buscando compreender como vem sendo estruturado o trabalho
após a implantação do Sistema Único de Assistência Social em Maracanaú – Ceará.
Para tanto, buscamos compreender como os trabalhadores dessa política percebem
as relações no trabalho, quais são os desafios apontados no tocante à gestão do
trabalho e identificar quais as formas de organização política desses trabalhadores.
Procuramos, demonstrar a relação existente entre as transformações ocorridas no
mundo do trabalho a partir da década de 1970, com o início do processo de
reestruturação produtiva, tendo como consequências para a classe trabalhadora o
desemprego estrutural, a precarização e flexibilização das condições de trabalho,
com graves repercussões para a organização sindical; a desregulamentação do
Estado e sua contrarreforma, a partir da década de 1990, sob orientação neoliberal
que resultou em fragilização das políticas sociais e as implicações dessa realidade
no cotidiano dos trabalhadores da assistência social de Maracanaú. A análise sobre
as condições de trabalho envolveu os aspectos relacionados à infraestrutura, às
ações executadas, às insatisfações no ambiente de trabalho e às repercussões
desse trabalho na saúde do trabalhador. Para realizar a análise, desenvolvemos
uma pesquisa de campo quanti-qualitativa com os trabalhadores de nível superior
que atuam nos Centros de Referência de Assistência Social. Utilizamos os aportes
metodológicos das pesquisas bibliográfica, documental e de campo. A pesquisa de
campo ocorreu através da observação simples, com registro em diário de campo e
da aplicação de um questionário eletrônico com perguntas fechadas e abertas. Os
resultados apontaram para a precarização das condições de trabalho na forma de
contratação e nas condições éticas e técnicas de trabalho; processos de
adoecimentos físico e mental; necessidade de implantação de ações, visando à
valorização dos trabalhadores, em consonância com a NOB/RH/2006; e para o
fortalecimento do Fórum de Trabalhadores do Suas. Conclui-se, portanto, que os
trabalhadores da assistência social estão sujeitos a condições de trabalho
extremamente precárias, sendo necessária a construção de uma identidade de
classe trabalhadora para possibilitar seu engajamento nos espaços coletivos de luta
para enfrentamento à precarização vivenciada cotidianamente na execução das
políticas públicas.
Palavras-chave: Precarização do trabalho. Gestão do trabalho. Desregulamentação
do Estado. Assistência Social.