RESUMO
Esta dissertação analisa como as relações interpessoais no ambiente das Unidades
de Atenção Primária à Saúde (UAPS) repercutem nas condições psicossociais dos
trabalhadores da Estratégia Saúde da Família (ESF) da cidade de Fortaleza. A equipe
de Saúde da Família é composta por: médico generalista, ou especialista em Saúde
da Família, ou médico de Família e Comunidade; enfermeiro generalista ou
especialista em Saúde da Família; auxiliar ou técnico de enfermagem; e agentes
comunitários de saúde. Podem ser acrescentados a essa composição: cirurgiãodentista generalista ou especialista em Saúde da Família, auxiliar e/ou técnico em
Saúde Bucal. A construção deste objeto surgiu como desdobramento de uma
pesquisa mais ampla intitulada “Redes de Sociabilidade, Saúde e Bem- Estar de
Trabalhadores da Saúde”, cujo objetivo pautou-se na análise das redes de
sociabilidade de hospitais brasileiros, envolvendo profissionais do Sistema Único de
Saúde (SUS). A experiência de pesquisa no nível terciário contribuiu para que
emergisse o interesse pelo tema das Redes de Atenção à Saúde (RAS), em especial,
pelo setor da Atenção Primária à Saúde (APS). Analisar a influência das Redes de
Cooperação Socioprodutivas (RPSs) no cotidiano das unidades de saúde do
município de Fortaleza consolidou-se como objetivo desta investigação. A
metodologia é de natureza qualitativa e quantitativa. Por meio da amostra aleatória
simples foram realizados 258 Copenhagen Psychosocial Questionnaire (COPSOQ)
que delineou o cenário de exposição aos riscos psicossociais e do seu efeito para a
saúde dos sujeitos da pesquisa. A técnica de Análise de Redes Sociais (ARS)
averiguou as relações sociais como indicadores de interdependências a partir do
método estrutural. Deste modo, foram elaboradas representações gráficas das redes
de interação de seis UAPS Laboratório. O conjunto de 18 atores participaram da
composição das redes. No papel de pessoa-foco das relações verificou-se dois
enfermeiros, dois técnicos de enfermagem e dois agentes comunitários de saúde. A
presença e a mobilização de capital social foram identificadas por meio dos índices
de confiança, de cooperação, de apoio, de competição, de comunicação e de
convivência na esfera profissional e social. Os resultados indicaram que o perfil das
equipes é predominantemente feminino (84,9%) e faixa etária entre 35 e 42 anos,
totalizando 28,7% do quadro. A escolaridade dos profissionais com nível médio/
técnico representa 37,6% e com nível superior 58,1%. A situação conjugal se destaca significando 63,2% dos profissionais morando com o cônjuge ou companheiro.
Aproximadamente 38,8% não possuem filhos, e os que possuem até um filho menor
de sete anos correspondem a 95,7%. As condições psicossociais evidenciaram
existência de um bom clima entre colegas para 57,4%, o que caracteriza um convívio
satisfatório entre a maioria. Apenas 29,8% consideraram que frequentemente haja
cooperação entre os profissionais e 63,6% tenham afirmado sempre se sentirem parte
do grupo de trabalho. Além disso, 47,7% afirmam desfrutar de boa saúde. Os
resultados indicaram que o fortalecimento do trabalho em equipe e das relações
interpessoais aliados a boa comunicação influenciam positivamente para a
produtividade e para o alcance de metas.
Palavras-chave: Estratégia Saúde da Família. Unidade de Atenção Primária à Saúde.
Redes de Socioprodutivas. Cooperação. Redes Sociais.