RESUMO
A temática ora aqui apresentada tem como objetivo fazer uma crítica à filantropia
empresarial, sobretudo a educacional como mecanismo deformador e tendencioso de
cooptação social que o sistema capitalista propõe à classe trabalhadora. É posto como solução
para enfrentar as reverberações da crise estrutural do capital, a inserção e aceitação da
“sociedade civil”, representada pelo empresariado, em um movimento de transferência de
responsabilidades sociais. Á luz da esteira marxista, o trabalho investiga, nestes termos, o
considerado terceiro setor e seu papel na sociedade ao fornecer serviços público-não-estatais.
Fazendo um recorte em nosso objeto, tendo em vista as inúmeras instituições que se
apresentam na contemporaneidade como filantrópicas, optamos por fazer o enfoque maior a
atividade realizada pelo Banco Bradesco e sua organização: Fundação Bradesco, devido a
história desta instituição e os investimentos realizados pela mesma há pelo menos 60 anos.
Partimos como pressuposto para a pesquisa que as benesses oferecidas pelo capital a classe
trabalhadora, como mote de assistência e compromisso social, são na verdade eixos de
acumulação de capital e premissas ideológicas. Lançada essa questão, partimos para a
comprovação das questões colocadas por meio de uma pesquisa teórico-bibliográfica e
documental as inquietações que a realidade nos exigia. No campo metodológico entendemos
que a realidade é composta de suas inúmeras contrariedades e por ser construída pelos
homens, possui consequentemente historicidade, razão pela qual se faz necessário manter
aproximações constantes em favor de não perder o contato com o real. Utilizando-se da letra
de Marx (2009; 2010; 2013a; 2013b; 2015), Engels (2004; 2008), Marx e Engels (2007; 2010;
2011) abordamos questões como a pobreza, o pauperismo e a exploração do trabalhador pela
burguesia. No que se refere a Crise Estrutural do Capital e suas reverberações optamos por
dialogar com Mészáros (2004;2011a;2008,2011a;2011b; 2012; 2014). No campo filantrópico
recorremos às pesquisadoras Ioschpe (1997), Beghin (2005) e Mestriner (2011) que nos
auxiliaram na historicização e conceituação do tema. Acerca do “3° setor”, revisitamos os
apontamentos de Montaño (2010) para compreensão não apenas do segmento na economia,
mas também da “questão social” tão discutida e atividade fim da participação dos setores
privados na esfera pública. Para falar da Fundação Bradesco, usamos seus próprios
documentos (2015; 2014; 2013; 2012; 2006) disponíveis no site oficial da instituição. A
filantropia empresarial voltada para a educação máscara a exploração da classe trabalhadora,
com ações sociais apresentadas como humanizadas, de cooperação e responsabilidade social.
Todavia, observamos que a Fundação Bradesco expressa uma ideologia de empresa cidadã
com responsabilidades. Em linhas gerais, concluímos que ao contrário do que apregoam os
defensores da filantropia empresarial inserida na educação, entendemos que uma formação
humana assentada no desenvolvimento pleno das potencialidades dos indivíduos só poderá
ocorrer no tempo em que os homens estiverem emancipados do sistema do capital .
Palavras-chave: Filantropia Empresarial. Formação do trabalhador. Crise estrutural do
capital.