RESUMO
O objetivo principal deste estudo foi investigar, com base em um referencial teórico
construído, como as pequenas e médias empresas do setor supermercadista definem as suas
práticas de gestão de pessoas. Para atingir esse intento, foi realizada uma pesquisa de campo
de natureza qualitativa e exploratória, na forma de um estudo de casos múltiplos. Pela
facilidade de acesso da pesquisadora, foram pesquisadas empresas que integram a Rede
Uniforça, todas localizadas em Fortaleza. Foram levantados dados primários e secundários
junto a cinco empresas: quatro de pequeno porte e uma de porte médio. Os dados foram
coletados por meio de entrevistas realizadas com os gestores de RH, para que se pudesse
conhecer e analisar as práticas de gestão de pessoas adotadas por essas organizações.
Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo para tratamento e análise dos dados levantados.
Algumas evidências relevantes sobre as práticas de gestão de pessoas adotadas pelas empresas
pesquisadas foram identificadas, dentre as quais se destacam: (i) quanto ao processo
estratégico, quatro das cinco empresas têm declaradas a missão, a visão de futuro e os valores
que devem pautar a conduta dos empregados; (ii) no recrutamento, as empresas dão
prioridade a candidatos que residem próximo ao local onde estão instaladas, como forma de
fortalecer as relações sociais que estabelecem com as comunidades nas quais estão inseridas;
(iii) na seleção, as técnicas utilizadas são bastante simples e resumem-se a uma entrevista
(todas as empresas), a provas de conhecimentos específicos e a testes psicológicos (algumas
delas); a maioria dos empregados selecionados são jovens e os índices de turnover são
bastante elevados, sobretudo nos cargos de natureza mais simples; (iv) na capacitação, a
ênfase recai sobre o treinamento introdutório realizado em serviço, durante o período de
experiência do novo empregado; as oportunidades de treinamento para os funcionários do
quadro efetivo, de um modo geral, são esporádicas e ocorrem, principalmente, quando são
introduzidas mudanças nos processos de trabalho e nas tecnologias utilizadas; (v) quanto à
promoção, todas as empresas oferecem oportunidades de ascensão funcional, porém, não na
dimensão pretendida; isto porque, dados os elevados índices de turnover – que é uma
característica do setor supermercadista – muitas vezes as empresas não conseguem
desenvolver os empregados para que atinjam o nível de prontidão exigido para os cargos de
maior complexidade, porque muitos se desligam antes; (vi) no que concerne aos sistemas de
recompensas, todas as empresas remuneram os empregados seguindo a curva salarial do
mercado e os aspectos legais estabelecidos na legislação trabalhista e nos acordos
estabelecidos com os sindicatos que representam a categoria; além do salário fixo, todas as
empresas oferecem, com pequenas variações, bônus salariais por atingimento de metas e um
pacote de benefícios limitado a planos de saúde e odontológico, vale-refeição, vale-transporte,
entre outros de menor expressão. A principal conclusão a que se chegou ao final deste estudo
é a de que as práticas de gestão de pessoas adotadas pelas empresas pesquisadas, no geral,
encontram-se ainda em um estágio muito incipiente, quando comparadas com as formulações
teóricas mais atualizadas – sentido lato – e que constam da estrutura teórica construída para
fundamentar esta pesquisa. No entanto, elas parecem adequadas ao estágio atual de
desenvolvimento das empresas do seu ramo e porte, no que se refere à função organizacional
de RH, o que não constitui obstáculo para que elas atinjam seus resultados, embora tenham
sido apontadas necessidades de avanços nessa área.
Palavras chaves: gestão de pessoas; gestão por competências; gestão de pequenas e médias
empresas.