RESUMO
A escola pública brasileira passa por processos significativos de mudança social que
acarretam questionamentos sobre o papel da escola em tempos de conflitos e violências
exacerbadas. Neste contexto, surgem ações de órgãos públicos e sujeitos diversos que
visam a reconfigurar a realidade conflituosa das escolas, no sentido de solucionar
conflitos por meio de debates e diálogos entre as partes envolvidas nas situações de
violência. Uma das ações, sobretudo as desenvolvidas no âmbito estatal, denomina-se
mediação de conflitos, que é objeto de análise desta pesquisa. Objetiva-se, então,
compreender como a mediação de conflitos, está sendo implementada em escolas
públicas do estado do Ceará. As reflexões estão situadas em torno da seguinte pergunta:
Como se constitui a experiência de implantação da mediação de conflitos em escolas
públicas do Estado do Ceará? Neste sentido, questões pertinentes ao cotidiano da escola
e das referidas práticas fazem parte deste estudo. A compreensão sobre o fenômeno da
violência e a relação da escola com o seu entorno são de suma importância. A mediação
realiza-se na dimensão dos conflitos e das relações sociais e não da violência física
propriamente dita, porém entra em um determinado contexto da violência, na medida
em que esta é visualizada como uma das possíveis consequências dos conflitos
interpessoais. Dados de várias pesquisas apontam a capital do estado do Ceará,
Fortaleza, com maiores índices de violência protagonizada principalmente por
significativa parcela da juventude. A escola Mar é o campo de análise desta pesquisa.
Localizada no bairro Mucuripe da cidade de Fortaleza-CE é da rede municipal de ensino
vinculada a Secretaria Municipal de Educação (SME) e do distrito II de educação. A
pesquisa é qualitativa com cunho exploratório descritivo, posto que sua principal
finalidade identificar como as escolas trabalham a mediação de conflito. Nesse
contexto, um olhar diferenciado sobre as relações sociais estabelecidas entre os sujeitos
escolares - professores, alunos, núcleo gestor, funcionários e comunidade escolar como
um todo - é relevante, pois a busca de uma compreensão real dos conflitos, no que se
refere às causas e seus desdobramentos nas relações cotidianas da escola, contribui para
a construção de um ambiente favorável e para a possibilidade de reverter quadros de
violência. Esta pesquisa parte da hipótese de que a cultura punitiva e as práticas
educativas coercitivas que caracterizam a maioria das práticas escolares ampliam os
problemas relativos à violência e a conflitos sociais no interior da escola. A construção
de novos hábitos, por meio de uma ressignificação do ambiente escolar, com a inserção
da mediação de conflitos, propõe uma reconfiguração das relações sociais e de um novo
paradigma na escola.
Palavras-chave: Escola pública. Conflitos. Cultura punitiva. Mediação de conflitos.