RESUMO
O câncer de mama é a neoplasia com maior morbimortalidade entre as brasileiras. As
evidências de impacto do rastreamento na mortalidade justificam sua adoção como
política de saúde pública, assim realizou-se um estudo com o objetivo de avaliar o
rastreamento mamográfico nas Regiões de Saúde do Estado do Ceará. Tratou-se de uma
pesquisa avaliativa do tipo análise de produção das 22 Regiões de Saúde no período de
2009 a 2013. Os dados foram coletados do SIM, SISMAMA, CNES, SIA/ SUS e
DATASUS e sofreram análise quantitativa uni e bivariada, com regressão linear
simples. A APS apresentou cobertura média de 65,73%, a razão de mamografia elevouse 0,08 para 0,15, com média de 0,13, porém a taxa de mortalidade ainda manteve-se
em ascensão, variando de 22,56 para 24,57, com média de 24,41 por 100 mil mulheres.
Existem grandes diferenças regionais, com três Regiões de Saúde (Fortaleza, Maracanaú
e Russas) com média superior à estadual e redução da taxa em sete Regiões. A
correlação entre a cobertura da APS e a taxa de mortalidade foi inversamente
proporcional, onde a taxa de mortalidade por câncer de mama decresceu a uma razão de
0,16 para cada unidade de cobertura da APS. O número de mamógrafos disponíveis
para uso no SUS sofreu um incremento de 52,5%, passando de 40 para 61equipamentos,
resultado da implantação de 14 Policlínicas, porém uma Região (Canindé) não dispõe
de mamógrafo e oito necessitam ampliar o número de equipamentos. Há distribuição
geográfica irregular, pois o número de equipamentos disponível é capaz de atender a
100% da população-alvo. Existe uma correlação forte e diretamente proporcional entre a
capacidade de mamografia e o número de mamografia de rastreamento, que cresce na
razão de 0,21 para cada unidade de capacidade de mamografia disponível para uso no
SUS. A taxa de mortalidade por câncer de mama e a razão de mamografias
apresentaram uma relação diretamente proporcional, com incremento na razão de 33,56
na mortalidade para cada unidade de razão de mamografia. Em se tratando da faixa de
50 a 69 anos, o número de mamografias de rastreamento cresce na razão de 0,11 para
cada unidade de capacidade de mamografia disponível para uso no SUS. O SISMAMA
apresenta baixa qualidade de informação, com divergência estatística com o SIA/ SUS e
96% de mulheres sem segmento. Destacaram-se as Regiões de Saúde de Fortaleza, com
baixa cobertura da APS e alta taxa de mortalidade, e Baturité, com alta taxa de
rastreamento e baixa taxa de mortalidade. Conclui-se que o câncer de mama encontrou
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na regionalização estadual um potencial de intervenção sob o cenário vigente, pautado
no potencial de rastreamento mamográfico, porém houve uma subutilização dos
equipamentos existentes para uso no SUS. Sugere-se o empoderamento do enfermeiro
no rastreamento mamográfico com vistas a garantir o acesso das mulheres e mudar esta
realidade, fortalecimento das ações dos ACS, criação d a agenda da mulher e inclusão do
indicador de mamografias de rastreamento em mulheres de 50 a 69 anos no Sistema de
Informação da Atenção Básica (SIAB)/ e-SUS.
Palavras-chave: neoplasias da mama, diagnósticos, prevenção & controle.