RESUMO
A problemática do endividamento dos indivíduos é questão abordada em diversos estudos nas
áreas de economia, finanças e administração. No entanto, grande parte dos estudos tendem ao
exame das causas que levam à condição de endividamento e acabam por negligenciar suas
implicações. O presente trabalho aborda a perspectiva das consequências da dívida na
população, especificamente em relação à sua saúde autodeclarada. Para tanto, usou como
questão de pesquisa norteadora a seguinte pergunta: “a saúde dos indivíduos é afetada por eles
experienciarem situações de endividamento?”; tendo como objeto geral de seus esforços
identificar a existência das relações entre endividamento e saúde por meio da investigação de
construtos ligados à saúde geral e às atitudes ao endividamento. Este estudo contou com a
participação de 402 respondentes, moradores das cidades de Fortaleza e Sobral, ambas
situadas no estado do Ceará. Os participantes responderam a uma survey que investigou seus
níveis de saúde mental autodeclarada, por meio do Questionário Geral de Saúde (QSG-12) e
suas atitudes perante à dívida, além da análise de dados socioeconômicos. Os dados obtidos
em campo foram analisados sob métodos quantitativos, utilizando especificamente as técnicas
de análise fatorial exploratória, correlação bivariada e análise univariada de variância. Os
resultados obtidos corroboram com a literatura consultada ao apontarem soluções bifatoriais
para as escalas atitudes ao endividamento (austeridade e hedonismo) e saúde geral
(autoconfiança e estresse/ansiedade). Além disso, a correlação entre as dimensões hedonismo
e estresse/ansiedade apontam para um modelo que ratifica que a dívida proporciona um
decréscimo da saúde percebida. Em observância a isso, ainda pode-se afirmar que níveis mais
baixos de saúde percebida estão relacionados a altos níveis de dívida e graus mais altos de
dificuldade financeira que os indivíduos enfrentam para chegarem ao fim do mês. Em relação
aos aspectos socioeconômicos, apenas a propensão à divida se mostrou relevante quando
comparada a diversos estratos sociais, sendo mais proeminente entre aqueles com rendas mais
baixas. Conclui-se que a situação de insolvência, principalmente as atitudes hedonísticas
frente à dívida, estão associadas a baixos níveis de saúde psíquica autodeclarada, ao passo que
comportamentos financeiros mais conservadores estão ligados a aspectos de saúde que
sugerem bem-estar.
Palavras-chave: Endividamento. Saúde autodeclarada. QSG-12. ANOVA.