RESUMO
A atuação dos gestores públicos impacta a eficiência e a eficácia das atividades
prestadas pelo Estado. No Brasil, porém, não se avalia se os servidores escolhidos
para as funções gerenciais têm as potencialidades para o exercício de funções de
liderança. Consequentemente, a probabilidade que a instituição pública tem de perder
um excelente profissional técnico e ganhar um gestor despreparado e insatisfeito com
sua carreira é alta. A ascensão aos cargos gerenciais implica alteração na identidade
profissional do indivíduo. Um dos modelos conceituais que facilitam a compreensão
da transição para a carreira gerencial é o Pipeline da Liderança. É nesse contexto que
se insere esta pesquisa, que tem por finalidade descrever o rito de passagem do
servidor público quando ele deixa de gerenciar a si próprio para gerenciar outros, no
que se refere ao desenvolvimento de novas habilidades profissionais, ao
gerenciamento do uso do tempo e à apropriação de novos valores profissionais. Foi
realizada uma pesquisa descritiva de natureza qualitativa com nove servidores
efetivos de carreira que se tornaram gestores no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Ceará, na Universidade da Integração Internacional da
Lusofonia Afro-Brasileira e na Universidade Federal do Ceará. Os dados foram
coletados através de entrevistas semiestruturadas e analisados por meio da análise
temática de conteúdo, com o suporte do software ATLAS.ti 8. Os resultados obtidos
foram agrupados nas categorias: habilidades, aplicações de tempo e valores
profissionais. Como era de se esperar, os gestores das três instituições federais de
ensino superior vivenciam uma realidade similar quanto ao rito de passagem, contudo
o modelo do Pipeline da Liderança apresenta especificidades quando aplicado às
instituições públicas brasileiras.
Palavras-chave: Liderança. Carreira gerencial. Administração pública.