RESUMO
As diversas crises e reestruturações do capitalismo trazem à tona novas
possibilidades de se pensar o trabalho, especialmente no que se refere à inserção
do catador na indústria da reciclagem e como esta categoria se organiza na busca
de melhores condições de trabalho e de rendimentos que lhes assegurem a
sobrevivência cotidiana. Decorrendo dessa premissa, tem-se a necessidade de
conhecer e refletir sobre as condições de trabalho do catador de materiais
recicláveis, em cooperativas ou individualmente, para que se possa (re) pensar qual
o sentido do trabalho, especificamente o de catação, onde os trabalhadores muitas
vezes são rotulados de agentes socioambientais, sem uma compreensão destes
como classe organizada que vive do trabalho de catação na qual o produto do
trabalho, o lixo, após descartado pela sociedade do consumo, se reinsere na lógica
de produção capitalista sob a forma de mercadoria nos processos industriais. O
objetivo desta dissertação é analisar as situações do trabalho dos catadores de
materiais recicláveis de Maracanaú-CE. Trata-se de pesquisa de caráter
qualitativo/quantitativo e apresenta em sua matriz teórica, diferentes autores que se
inserem no debate acerca do mundo do trabalho e da reciclagem. Pauta-se em
explorações bibliográficas e de campo, onde foram realizadas observação
participante e entrevistas semiestruturadas. Constatou-se que há uma pluralidade de
catadores e que é crescente a quantidade de trabalhadores nessa atividade que a
exercem de maneira precária em Maracanaú, obtendo apropriações mínimas de
rendimentos. Outra constatação é que, os entrevistados percebem o lixo como sua
fonte de sobrevivência e acreditam desempenhar um importante papel dentro da
sociedade, se reconhecendo como vítimas do preconceito, mas tendem a negar a
relação direta entre o trabalho e problemas de saúde . Não se percebem como
explorados dentro do sistema capitalista, já que acreditam que dominam suas
próprias condições de trabalho e não estão subordinados a ninguém.
Palavras-chave: Catador. Trabalho. Capitalismo.