RESUMO
O objetivo dessa pesquisa é compreender a relação gestor-subordinados à luz da Psicodinâmica
do Trabalho no contexto organizacional de empresas flexíveis e da nova gestão pública. A
revisão de literatura abrange três partes: a primeira contempla os precedentes e as características
da Gestão Empresarial Flexível, debatendo modelos anteriores e a evolução histórica das
necessidades das organizações que levaram ao surgimento do modelo flexível de gestão
baseado nos moldes toyotistas. A segunda parte, por sua vez, apresenta os precedentes e
características da Nova Gestão Pública, abordando os modelos de gestão pública
patrimonialista e burocrático como predecessores conforme a organização proposta pela
literatura, mas que ainda se encontram presentes num amálgama com o modelo atual. Numa
terceira parte, disserta-se sobre a Psicodinâmica do Trabalho enquanto lente teórica deste
trabalho, relatando o que traz a literatura sobre suas principais dimensões. Metodologicamente,
empreendeu-se uma pesquisa plenamente qualitativa. A pesquisa de campo demandou a
realização de nove entrevistas narrativas, sendo cinco advindas do setor público e quatro do
setor privado. A pesquisa foi realizada com gestores e subordinados pertencentes a uma
secretaria do Estado, uma empresa pública e uma empresa privada. Empregou-se a técnica da
análise dos núcleos de sentido com o auxílio do software Atlas.ti para compreensão das
narrativas. Após a transcrição e categorização das entrevistas emergiram cinco temas para cada
setor. No setor público foram identificados os temas: i. caraterísticas do gestor; ii. relações de
trabalho; iii. prazer-sofrimento; iv. reconhecimento; e v. dificuldades. No setor privado, por sua
vez, foram assinalados os seguintes temas: i. a gestão e o papel do gestor; ii. relações de
trabalho; iii. prazer-sofrimento; iv. reconhecimento; e v. desafios. Posteriormente, discutiu-se
os dados analisados, primeiramente, por setor e, em seguida, comparando as convergências e
divergências de cada setor. A análise e discussão desses resultados permitiu identificar o
potencial que a relação gestor-subordinado exerce como um fator equilibrante das vivências de
prazer e sofrimento, além de apresentar novas dinâmicas de reconhecimento. Além disso,
percebeu-se que ainda existem muitos fenômenos a ser explorados nesse contexto e que se faz
necessário uma expansão do campo para outros estados para comparação de dados entre os
possíveis tipos de contextos organizacionais flexíveis que podem estar parcialmente
amalgamados a outros modelos.
Palavras-chave: Psicodinâmica do Trabalho. Relação gestor-subordinados. Contextos
organizacionais flexíveis.