RESUMO
A Casca da Castanha de Caju (CCC) é uma biomassa residual proveniente do processo de
beneficiamento da castanha de caju e o uso adequado desse resíduo vem se tornando cada vez mais
atrativo, não só pelo aspecto ambiental, mas também pela sua capacidade energética. Entre os diversos
processos para o aproveitamento energético da biomassa, os processos de gaseificação e de pirólise da
CCC configuram-se como opções viáveis no aumento da eficiência energética dessa biomassa, visto
que mitigam os impactos ambientais decorrentes da queima direta da CCC. Estudos acerca dos
impactos ambientais associados à gaseificação e à pirólise da CCC ainda são incipientes. Desta forma,
o presente trabalho possui como objetivo aplicar a metodologia da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)
para compreender os impactos ambientais desses processos, em unidades-piloto com capacidade de
processamento de 150 kg/h, visando à geração de energia. Desta forma, uma ACV do tipo gate-to-gate
(fronteiras do sistema) foi aplicada, abrangendo desde a admissão da biomassa na respectiva unidade
de gaseificação ou pirólise, passando pela geração do gás de síntese, sistema de limpeza e, por fim, ao
gerador de pequeno porte para produção de energia elétrica. Assim, foi utilizada a ferramenta GaBi®
5.0 (versão acadêmica) na modelagem desses sistemas. Esta ferramenta consolida em seu banco de
dados diversas informações sobre os impactos ambientais a partir dos fluxos de massa e energia,
associados a múltiplos processos. A gaseificação e a pirólise foram analisadas em três categorias de
impacto: Potencial de Aquecimento Global (do inglês, GWP), Potencial de Formação de Ozônio
fotoquímico (do inglês, POCP) e Emissão de Material Particulado (do inglês, PM2,5). Foi verificado
que nas três categorias de impacto a pirólise contribui de maneira mais significativa no aumento dos
danos ambientais, quando comparado à gaseificação. Na categoria GWP foi verificado que a queima
do carvão oriundo da pirólise emite anualmente 114 tCO2-eq, enquanto que o processo de gaseificação
inteiro contribui com apenas 80,4 tCO2-eq. A queima do syngas no gerador, em ambos os processos, foi
responsável pelas emissões de NOX que sensibilizaram a categoria POCP. O syngas oriundo da
pirólise, por ter uma fração molar de hidrogênio superior ao syngas da gaseificação, contribuiu de
maneira mais representativa para a formação do ozônio fotoquímico. Já na categoria de emissão de
PM2,5 o carvão da pirólise mais uma vez foi um dos maiores responsáveis pelo agravamento dos
impactos ambientais desta categoria, emitindo um total de 21,9 kg de PM2,5-eq, enquanto que o
processo de gaseificação foi responsável somente pela emissão de 0,25 % desse total.
Palavras-chave: ACV, Biomassa, Casca castanha de caju, Gaseificação, Pirólise, Syngas, Energia.