RESUMO
Atualmente, a denúncia da violência simbólica e física sofrida pelas mulheres, a crítica ao
sistema patriarcal, bem como a luta por uma igualdade de gênero vêm alcançando um novo
espaço de comunicação – as redes sociais online. A rede social Facebook passa a ser um
importante veículo, através da criação de Páginas que produzem postagens que não só servem
de divulgação, mas também de um novo espaço minimamente democrático que possibilita
enfrentamentos sobre os temas que envolvem a luta do movimento feminista, dentro e fora da
rede. É possível notar a recorrência da manifestação do fenômeno da linguagem ironia nas
postagens em rede como uma estratégia linguística-discursiva para criticar as relações
desiguais de poder entre os gêneros e a construção de um discurso feminista na rede social
Facebook. Pretendemos nesse trabalho analisar a ação política da ironia em postagens de três
Páginas do Facebook: Moça, você é machista; Feminismo sem Demagogia – o Original; e
Diários de uma feminista, tendo por objetivo compreender de que forma a ironia se manifesta
enquanto ação política para o feminismo, como se contrapõe aos valores expressos por
discursos anteriores, apresentando, portanto, uma dimensão crítica e ideológica-valorativa.
Para a análise, tomaremos como base o pensamento de Lévy (1990), no que se refere à
cibercultura e às relações entre o virtual e o real, associadas às perspectivas de gênero de
Butler (2010) somadas aos estudos de ironia de Brait (2008) e Hutcheon (2000). No percurso
analítico, levou-se em conta a relação dos enunciados imagéticos e verbais das postagens a
partir de uma perspectiva da ironia como argumentação indireta, de contradiscurso,
interdiscursiva e subversiva, relação construtora de um discurso feminista em rede, capaz de
modificar de maneira linguística-discursiva o que as pessoas pensam sobre gênero.
Palavras-chave: Gênero. Feminismo. Facebook. Ironia.