RESUMO
As transformações ocorridas no mundo nas últimas décadas do século XX e início do século
XXI, decorrentes do processo de globalização, caracterizadas pela reestruturação produtiva
com base na acumulação flexível e no avanço das relações capitalistas no campo, vêm
impactando nos espaços rurais e consequentemente, na agricultura familiar camponesa. O
presente trabalho teve como objetivo analisar os processos de formação/educativos
constituídos na prática de resistência dos(as) agricultores(as) camponeses(as) frente às novas
tecnologias no contexto com o agronegócio na Chapada do Apodi, município de Limoeiro do
Norte, Ceará, no período de 2000 a 2015. Como forma de aproximar-se do objeto a
investigação de cunho qualitativo, se desenvolveu em várias fontes. Na pesquisa documental,
foram analisados documentos, projetos e leis concernentes à problemática, tanto no âmbito
municipal, como estadual e federal. Os estudos bibliográficos voltaram-se para categorias
como agricultura familiar e camponesa, fundamentando-se em Martins(1995), e
Wanderley(2009), sobre o processo de globalização e mundialização do capital foram
consultados Ianni(1997), Bauman(1999), Chesnais(1996), para reestruturação produtiva e
impactos na agricultura no Ceará e na Chapada do Apodí, foram consultados Elias(2002),
Carvalho(2014), Mendes(2014), Rigotto(2011), e Freitas(2011), e para compreensão dos
aspectos educativos nas ações dos movimentos sociais nos apoiamos em Glória Gohn(2011).
Os dados empíricos foram coletados através de entrevistas, conversas informais e observação
participante, com agricultores(as), representante do STTR, e participantes de movimentos
sociais. Estes dados demonstram a expropriação e exploração do território camponês da
Chapada do Apodí, pelo agronegócio, através do uso de tecnologias convencionais com
impactos danosos ao meio ambiente e à saúde humana, e das formas de organização da
produção na exploração da força de trabalho da agricultura familiar camponesa. Os dados
demonstram também que no contexto de disputa com o agronegócio, a agricultura familiar
camponesa em articulação com o Movimento 21, e com outros sujeitos individuais e
coletivos, desenvolvem práticas educativas em espaços como seminários, audiências públicas,
marchas, e através de suas práxis constroem estratégias de enfrentamento ao modelo do
agonegócio, e propõem um outro modelo de desenvolvimento baseado em outras relações
políticas, de produção e com a natureza, numa dinâmica de luta pela terra e pela sua
reprodução social.
Palavras-chave: Reestruturação produtiva. Agronegócio. Agricultura familiar camponesa.
Resistência