RESUMO
A presente pesquisa objetiva proporcionar uma visão ampla acerca da natureza, da função
social e das características do complexo educação, no seu duplo sentido: lato e estrito. A partir
desta compreensão, fizemos um balanço desse complexo ao longo da história, percebendo os
conflitos, contradições, limites e possibilidades, especialmente, no que se refere ao contexto
atual, mostrando os problemas vividos nas escolas, universidades e diversas instituições de
ensino. A pesquisa é respaldada nos fundamentos ontológicos de Marx e Lukács em busca de
compreender a relação da educação com o trabalho, com a reprodução social e com a
ideologia. Percebemos que o trabalho funda a educação que juntamente aos outros complexos
e categorias sociais como a linguagem e a consciência são fundamentais para o
desenvolvimento e reprodução dos seres sociais através de suas funções específicas. No caso
da educação, sua função específica consiste na apropriação e no repasse dos conhecimentos,
valores, atitudes, habilidades acumulados historicamente pelo conjunto da humanidade. Essa
transmissão ocorre de geração a geração, não de forma linear, homogênea, mas heterogênea e
complexa. Assim, a educação possibilita a continuidade dos conhecimentos adquiridos
historicamente pelo gênero humano. Por meio disso, não temos necessidade, por exemplo, de
“inventar a roda” todo dia, isso ocorre com diversas outras objetivações sociais, pelo fato de
os conhecimentos se estenderem ao conjunto da humanidade. Neste sentido, a atividade
educativa contribui para o progresso dos seres humanos. Não obstante, essa transmissão dos
conhecimentos não acontece sempre de forma igualitária, a exemplo da sociedade de classes.
Nestas, os conhecimentos são repassados de modo desigual, expressando-se de forma ainda
mais acirrada na sociedade capitalista cuja desigualdade cresce de forma assustadora,
especialmente, em momentos de crise. Atualmente, vivenciamos uma crise estrutural em larga
escala que se iniciou no ano de 1970. Todavia, a educação, mesmo na sociedade capitalista,
possibilita o progresso do ser humano, não de maneira integral, omnilateral, mas de forma
contraditória, conflituosa, com limites, como também, com inúmeras possibilidades “criativas
e emancipatórias”, conforme aponta Mészáros (2008). Isso ocorre pelo fato de a educação
ser sempre um “formar e ser- formado puramente social”. Neste aspecto, o gênero humano
está em constante processo de formação, isto é, os indivíduos estão constantemente sendo
educados, independente se essa formação aconteça de forma natural ou planejada. Por fim,
apresentaremos as contribuições e limites do pensamento de três autores marxistas Ivo Tonet,
István Mészáros e Dermeval Saviani no que se refere ao complexo educação. Em seguida,faremos uma comparação da concepção ontológica desenvolvida por Gyorgy Lukács com a
perspectiva educacional em Saviani.
Palavras-chave: Complexo Educação. Ontologia do ser social. Gyorgy Lukács.