Esta dissertação de mestrado, situada no campo da Linguística Aplicada, teve o objetivo de investigar as práticas de letramentos não escolares (em contações de histórias e cirandas de leituras) realizadas por meio do Programa de Extensão Viva a Palavra, da Universidade Estadual do Ceará, na Comunidade Garibaldi (periferia de Fortaleza–CE), tendo como base teórico-metodológica a Pragmática Cultural (ALENCAR, 2014, 2015) aliada à teoria da narrativa (CABRAL, 2008; BASTOS; BIAR, 2015). De modo específico, cartografou-se as práticas de linguagem de duas crianças e de seus familiares, a fim de demonstrar como esses usos linguísticos podem ser vistos como letramentos de reexistência. Como metodologia, adotou-se a cartografia (PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2015; PASSOS; KASTRUP; TEDESCO, 2014), acompanhando os fluxos na medida em que se produziram, junto com as crianças, as contações de história. A partir dos resultados das entrevistas etnográficas com as famílias dessas crianças, bem como da análise das narrativas de histórias de vida das crianças nos momentos de interação, percebeu-se que a contação de histórias tem fomentado a motivação pela leitura e as consequentes mudanças nas práticas de letramento do cotidiano infantil da comunidade Garibaldi, sendo consideradas como letramentos de reexistência. 

Palavras-chave: Letramentos não escolares. Contação de histórias. Narrativa. Pesquisa cartográfica. Reexistência.

This master's dissertation situated in the field of Applied Linguistics had the objective of investigating non-school literacy practices (in storytelling and reading circuits) carried out through the Viva a Palavra Extension Program of the Universidade Estadual do Ceará in the Garibaldi Community (located on the periphery of Fortaleza CE), based on the theoretical and methodological basis of the Cultural Pragmatics (ALENCAR, 2014, 2015), allied to narrative theory (CABRAL, 2008; BASTOS; BIAR, 2015). Specifically, we mapped the language practices of two children and their families in order to demonstrate how these linguistic uses can be viewed as reexistence literacies. As a methodology we adopted cartography (STEPS, KASTRUP, ESCÓSSIA, 2015, STEPS, KASTRUP, TEDESCO, 2014), following the flows as we produced, together with the children and the storytelling. Based on the results of the ethnographic interviews with the families of these children as well as the analysis of the narratives of children's life histories in moments of interaction, we noticed that storytelling has fostered motivation for reading and consequent changes in daily literacy practices of the Garibaldi community, and can be considered as reexistence. 

Keywords: Non-school literacy practices. Storytelling. Narrative. Cartography. Reexistence.