RESUMO
Esta dissertação tem como objetivo compreender o dispositivo acolhimento com
classificação de risco no contexto da Política Nacional de Humanização e da rede de
saúde, comparando sua operacionalização com o que é proposto pelo Ministério da
Saúde (MS), e identificando os principais desafios. A metodologia consistiu em
pesquisa bibliográfica, documental e de campo. A primeira priorizou autores como
Castells (2000), Merhy (1999), Scherer-Warren (1995), Fleury e Ouverney (2007) e
Portugal (2007). No exame de fontes documentais, priorizou-se: as Portarias do
Ministério da Saúde (MS) atinentes ao tema, os Cadernos “HumanizaSUS”, a
“Política Nacional de Humanização”, “Acolhimento e Classificação de Risco nos
Serviços de Urgência”; e o “Manual Instrutivo da Rede de Atenção às Urgências e
Emergências no Sistema Único de Saúde”. O trabalho de campo realizou-se na
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) localizada no bairro Conjunto Ceará,
pertencente à Secretaria Executiva Regional V (SER-V), em Fortaleza, Ceará. Na
pesquisa de campo realizou-se: a) observação flutuante que, segundo Pétonnet
(2009, p. 102), consiste em deixar a atenção “flutuar” de modo que as informações
cheguem ao pesquisador “sem a priori até o momento em que pontos de referência,
de convergências, apareçam e propiciem a descoberta das regras subjacentes”; e b)
entrevista semiestruturada com roteiro pré-estabelecido, mas possibilitando a livre
expressão dos entrevistados (profissionais e usuários). Entre os resultados
destacam-se que a dinâmica da rede de saúde é bem mais compreendida no
contexto da concepção de sociedade em rede que se define como forma de
organização social, de Estado ou da sociedade, intensiva em tecnologia de
informação; profissionais qualificados que realizam o acolhimento com classificação
de risco, porém não parecem perceber que seus serviços estão integrados a uma
rede pensada segundo a proposta do MS; ressignificações com base nas demandas
dos usuários que não estão dentro dos parâmetros de atendimento da UPA, os
quais são atendidos e classificados na “cor branca” que não faz parte do Protocolo
de Manchester. Conclui-se que há aproximações com o proposto pelo referido
ministério, como também ressignificações por parte de profissionais quando se trata
da efetivação do acolhimento.
Palavras-chave: Política de saúde. Rede de Saúde. Política Nacional de
Humanização. Acolhimento com classificação de risco.