RESUMO
A dissertação cartografou a produção do cuidado de uma gestante vivendo com HIV/aids no
âmbito da implantação das Redes de Atenção à Saúde (RAS) a partir da Rede Cegonha (RC).
Os sujeitos envolvidos na produção do cuidado, promotores dos encontros, criam suas
próprias redes vivas singulares em conexão com os elementos que constituem seus territórios
existenciais. A produção do cuidado vaza a norma protocolar inscrita nas legislações das
RAS. A cartografia se apropria dos conceitos cunhados por Gilles Deleuze, Félix Guattari e
Michel Foucault para constituir a caixa de ferramentas conceitual para a produção de saberes.
A técnica da usuária guia é utilizada para disparar a cartografia a partir da identificação, por
parte dos profissionais de saúde e gestores, de casos complexos que tensionam a RC. O
acompanhamento da usuária guia descortina uma série de linhas que compõem o mapeamento
da produção do cuidado, tais como, a medicalização da vida, a religião, o patriarcado, a
desatualização do campo do HIV/aids na atenção primária, a precária comunicação entre os
serviços de saúde, a violência institucional, a maternidade, os estigma, preconceito e a
depressão. A vida escapa aos enquadramentos institucionais e um cuidado que vitalize deve
estar atento às singularidades que o encontro proporciona. A vida é inventada em processo,
sempre em movimento, e o cuidado não se trata de mera observância da norma.
Palavras-chave: Cartografia. Produção do cuidado. Gestante com HIV/Aids.