RESUMO
O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica, caracterizada por um quadro de
hiperglicemia, originada por defeitos na secreção e/ou ação da insulina. Ademais, é
considerada uma complexo distúrbio metabólico dos carboidratos, proteínas e lipídios,
levando à complicações que afetam diversos órgãos, incluindo o pulmão. Nesse
contexto, a prática regular de exercício físico tem sido considerada fundamental na
prevenção e/ou tratamento das alterações provenientes do DM, visto que é capaz de
diminuir glicemia, melhorar a tolerância à glicose e a resistência à insulina. A
perspectiva da tese é estudar as alterações na glicemia e capacidade aeróbia, bem como
as funcionais e histológicas pulmonares em um modelo experimental de DM induzido
em ratos e sua interação com o exercício físico moderado. O estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA-UECE) sob o código 0721784/2016. Ratos
Wistar machos e fêmeas com 5 dias de vida receberam uma única dose de
estreptozotocina (modelo n5-STZ, 120 mg/kg, i. p., grupo diabético), diluída em citrato
de sódio (0,1 M; pH 4,5; 0,1 mL) ou somente o citrato de sódio (grupo controle). Uma
parte dos animais foi submetida a treinamento físico moderado e outra parte
permaneceu sem o treinamento, de modo que formaram os seguintes grupos
experimentais: controle treinado (CT, n=15), controle não treinado (CNT, n=12),
diabético treinado (DT, n=7) e diabético não treinado (DNT, n=8). Os ratos dos grupos
CT e DT foram treinados uma vez por dia, 5 dias na semana, por 9 semanas. Após o
protocolo experimental, todos os animais foram submetidos à avaliação da mecânica
respiratória in vivo por meio de um ventilador mecânico para pequenos animais
(flexiVent®, SCIREQ, Montréal, Canadá). Após a mecânica respiratória, os pulmões
esquerdos foram preparados para análises histológicas de índice de broncoconstrição
(IBC), comprimento alveolar (Lm), celularidade e morfometria alveolar. Ademais,
foram avaliados a glicemia basal e o peso semanalmente durante o período
experimental, além do teste de tolerância à glicose (TTG), realizado antes (5ª semana) e
após o último do primeiro dia de treinamento (15ª semana) e o teste de velocidade
máxima (TVM). Para a análise estatística foi utilizado One-way ANOVA de Kruskal-
Wallis, seguida pelo teste de Dunn, com nível de significância de 5%. Observamos
aumento significativo em todos os parâmetros da mecânica respiratória [resistência
newtoniana (RN), resistência tecidual (G), elastância tecidual (H), histeresividade (η),
área da curva pressão-volume, complacência estática (Cst) e a capacidade inspiratória
(CI)] do grupo DNT em comparação aos demais. A glicemia basal dos animais do grupo
DT foi significativamente menor quando comparada com o DNT e não diferiu dos
grupos CT e CNT. Os grupos CT e DT apresentaram capacidade física
significativamente maior do que os grupos CNT e DNT. O percentual de alvéolos
colapsados, celularidade, IBC e Lm no grupo DNT foi significativamente maior do que
os demais grupos. Nesse sentido, 9 semanas de treinamento físico moderado em esteira
motorizada foi capaz de reduzir a glicemia basal dos animais diabéticos e, assim,
prevenir alterações funcionais e histológicas no sistema respiratório no modelo de DM
experimental n5-STZ em ratos.
Palavras-chave: Exercício físico; Diabetes Mellitus; Glicemia; Mecânica respiratória;
n5-STZ.