RESUMO
O estudo analisa as narrativas e experiências de mulheres integrantes do
grupo de mães e familiares do sistema socioeducativo de Fortaleza. Através
dessas análises busco interpretar como os significados da palavra mãe são
agenciados por múltiplos sujeitos políticos na trajetória das mulheres que são
mães de jovens que se encontram em situação de privação de liberdade.
Persigo, em três momentos diferentes, como este termo é mobilizado: nos
centros educacionais, por organizações da sociedade civil e pelo Estado. A
partir desse cenário,destaco que as mães interlocutoras da pesquisa são
mulheres moradoras de localidades periféricas da cidade, autodeclaram-se
pardas e/ou negras e têm suas experiências elaboradas por situações de
violência. Busco pensar, sobretudo com a pesquisa de campo, como o grupo
surgiu e como as mães conseguiram se organizar e articular com o apoio do
Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA). Como recurso
metodológico, debrucei-me sobre as experiências das mães a fim de
compreender suas narrativas e ações enquanto sujeitas que fazem parte de um
grupo. Com a intenção de tecer interpretações sobre os contextos e agentes
que acionam o termo mãe, apropriei-me de duas técnicas: entrevistas em
profundidade e observação participante. Destaco que a pesquisa possibilitou
compreender as disputas que atravessam o acionamento do termo mãe. Tais
disputas envolvem implicações morais em torno dos significados do termo mãe,
precipitadas a partir de relações de poder e expressão de emoções que
norteiam as interações entre os sujeitos implicados nas situações de privação
de liberdade descritas ao longo do trabalho.
Palavras-chave: Gênero. Movimentos Sociais. Centros Educacionais.
CEDECA. Violência.