RESUMO
A presente pesquisa tem como objetivo central analisar a relação entre as
transformações no mundo do trabalho contemporâneo e o adoecimento mental dos
trabalhadores fabris. Assim, discutimos a categoria trabalho e suas metamorfoses
históricas, desde a sua concepção enquanto categoria central do processo de
humanização do homem, até às novas configurações apresentadas no contexto
atual. Aprofundamos nosso debate, particularmente, sobre a alienação, considerada
como um dos elementos centrais do debate marxista da atualidade. Esta, agora
intensificada, apresenta uma nova roupagem na era do capitalismo manipulatório,
marcada pela captura a subjetividade do trabalhador, com efeitos danosos para sua
saúde mental. Nos questionamos nesta pesquisa: qual a relação das transformações
no mundo do trabalho contemporâneo com o adoecimento mental dos trabalhadores
fabris? Para respondê-la, nossas investigações giraram em torno das seguintes
categorias de análise: trabalho, alienação, saúde/adoecimento mental e
precarização. A pesquisa de campo foi realizada com dez trabalhadores fabris em
acompanhamento no CAPS III, da cidade de Iguatu-CE, com queixas de
adoecimento mental relacionadas ao trabalho. Trata-se de uma pesquisa qualitativa,
com inspiração no método marxista, que teve como técnicas a pesquisa
bibliográfica, observação simples e documental, o diário de campo e a entrevista.
Nossa pesquisa revela a intrínseca relação entre trabalho e adoecimento mental,
principalmente relacionado às transformações contemporâneas no mundo do
trabalho e as marcas da precarização total que atingem não apenas os processos de
trabalho, mas avança para os campos da vida familiar, dos vínculos interpessoais,
do lazer e da participação social, ou seja, atinge toda a sociabilidade humana.
Concluímos, ainda, que o adoecimento mental dos trabalhadores fabris nos dias
atuais configura-se como expressão da questão social contemporânea. Na medida
em que os processos de exacerbação da exploração e da alienação são visíveis nas
novas formas de gerenciamento da indústria pós-fordista, o desemprego e as novas
formas de trabalho flexível e desprotegido se tornam ainda mais presentes no dia a
dia do trabalhador.
Palavras-chave: Trabalho. Alienação. Adoecimento mental.