RESUMO
A Educação Física brasileira passou e passa por inúmeras transformações do seu sentido e
significado durante o processo histórico, estando, predominantemente, em última instância,
sempre atrelado aos interesses da reprodução do capitalismo. Tendência que foi criticada no
final da década de 1980 e início da década de 1990 com a culminância na obra do coletivo de
autores (1992) e uma reação conservadora e reacionária, em seguida, com a criação do
Conselho Federal de Educação Física e seus conselhos regionais (1994). É a serviço da classe
dominante que a Educação Física passa a ser obrigatória em alguns momentos que
influenciam os intelectuais da área a buscar uma justificativa para sua presença na escola,
sempre questionada de tempo em tempo por seu papel direto na nova forma de acumulação
capitalista. Diferentemente de uma defesa corporativista, esse trabalho busca debater a
necessidade da Educação Física na escola, enquanto complexo necessário para a reprodução
social e, portanto, partícipe da formação humana. Na busca de uma análise comprometida
com os interesses da classe trabalhadora, nossas análises se deram alicerçados nos
pressupostos teóricos, filosóficos e metodológicos do materialismo histórico fundados por
Karl Marx e Friedrich Engels, além de outros autores da tradição marxista, como Gyorgy
Lukács. Dos estudos realizados, chegamos a seguinte conclusão: a produção da existência é a
chave para compreendermos a essência histórica e provisória do ser social, em que ele é
produto de sua própria atividade metabólica com a natureza mediante as circunstâncias
histórico-concretas, fato que o torna diferente dos demais animais e se desenvolvem
atividades exclusivamente humanas, como é o caso da Educação Física. Na ação metabólica
do trabalho é necessário que o ser social tenha sob seu controle as ações corporais, ou seja, as
capacidades corporais (físicas e espirituais). A Educação Física é um complexo produzido
pela atividade vital humana e presente também nessa atividade, nesse sentido, sempre os
homens necessitarão para se reproduzirem ter sobre o seu controle os elementos presentes no
complexo da Educação Física e, por conseguinte, a presença da Educação Física na escola não
é um debate epistemológico, de obrigatoriedade formal ou de uma legitimidade abstrata, pelo
contrário, a Educação Física é uma necessidade ontológica na formação humana.
Palavras-chave: Educação Física. Capacidades Corporais. Ontologia do Ser Social.
Materialismo Histórico.